Eduardo Guimarães
Neste fim de semana saíram notinhas nos
portais da grande mídia informando que 11 anos depois das primeiras denúncias
de corrupção em Furnas Centrais Elétricas, ocorridas em 2005, o Ministério
Público do Rio encaminhou a investigação à Procuradoria-Geral da República.
Segundo o órgão, a decisão foi tomada
após o Ministério Público constatar, com um “certo atraso”, a incontestável
materialidade da dita “lista de Furnas”, documento sobre esquema de caixa dois
nas eleições de 2002 e que envolve essencialmente o PSDB.
O esquema é tucano, como todos sabem.
Mas só para refrescar a memória, já que as notinhas da imprensa tucana dão
poucos detalhes sobre o que é esse escândalo.
Os nomes dos envolvidos explicam a razão
da censura que a mídia tucana baixou sobre esse caso durante mais de uma
década. Alckmin, Serra, Aécio, FHC & Cia. Ltda. vão ter muito a explicar,
caso a investigação ande, apesar de que esse Procurador Geral da República já
recusou outras vezes abrir a investigação, haja vista que integra o complô que
derrubou Dilma Rousseff e persegue petistas até hoje.
Desta vez, porém, Rodrigo Janot não
poderá simplesmente arquivar o pedido de investigação, porque não são
adversários políticos dos tucanos que pedem a investigação, mas o MP do Rio.
Mesmo que seja pra inglês ver, ele vai ter que ao menos abrir a investigação.
O nome de FHC não consta como recebedor
de propina, mas ele terá que ser investigado, porque foi no governo dele que o
escândalo ocorreu em Furnas, a empresa, portanto, estava
sob seus desígnios.
A decisão de investigar o caso foi
tomada pelo promotor Rubem Viana, da 24ª Promotoria de Justiça de Investigação
Penal da 1ª Central de Inquéritos que remeteu a documentação em setembro deste
ano. Os autos, que estão sob sigilo, só chegaram à Procuradoria-Geral da
República na sexta-feira, 2/12, mas ainda nem foram para o gabinete de Janot!
Ele provavelmente vai embromar o quanto
puder e a imprensa tucana certamente não irá pressioná-lo, de modo que, muito
provavelmente, haverá que empreender manifestações e pressão popular para que
ele não engavete o processo.
O mais interessante nesse caso, porém, é
que um jornalista que tentou dar publicidade ao caso ficou preso durante meses,
em 2014, para não atrapalhar a campanha eleitoral de Aécio Neves à Presidência
fazendo denúncias sobre o tema.
O jornalista mineiro Marco Aurélio
Flores Carone, diretor de redação do site (nome bloqueado), foi preso em 20 de
janeiro de 2014 em Belo Horizonte por autorização da juíza Maria Isabel Fleck,
da 1ª Vara Criminal da capital mineira.
Carone foi denunciado pelo Ministério
Público estadual de Minas, em novembro do ano anterior, por formação de quadrilha,
falsificação de documentos públicos e particulares, falsidade ideológica, uso
de documento falso, denunciação caluniosa majorada e fraude processual majorada
– todas essas acusações decorreram do contato que fez com o jornalista e o
lobista Nilton Monteiro, que tornou pública a Lista de Furnas, após ter
colaborado com o esquema de desvio de dinheiro da estatal.
A juíza que encarcerou os dois afirmou
que ambos faziam parte de uma quadrilha cujo objetivo seria “difamar, caluniar
e intimidar” adversários políticos, e autorizou a prisão preventiva do
jornalista para impedir novas publicações.
Além disso, afirmou que o jornal (nome
bloqueado), de Carone, seria financiado com dinheiro de origem ilegal, uma vez
que o site não contaria com anunciantes suficientes para manter a página.
Tudo, entretanto, não passou de uma
farsa para impedir que Carone atrapalhasse a campanha de Aécio à Presidência.
Foi absolvido de todas as acusações e, após ser libertado, denunciou a
arbitrariedade à Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados.
Não, não estamos falando de Cuba ou da
Coreia do Norte, países que os fascistas tucano-midiáticos acusam de arbítrio.
Tudo isso aconteceu no Brasil, que, supostamente, seria uma democracia.
Como hoje a democracia brasileira está
ainda mais fragilizada que em 2014, para que Janot não acoberte Aécio Neves
mais uma vez e para que Globo, Folha, Estadão, Veja et caterva não abafem o
caso, haverá que promover atos públicos pedindo apuração dos fatos.
No domingo (4/12) ocorreu uma manifestação
em cerca de 200 cidades brasileiras pedindo apoio a medidas de exceção que o
Ministério Público quer ver implantadas no país para aprofundar ainda mais a
perseguição a adversários do PSDB, partido que continuará mandando prender quem
faça denúncias contra si. Essa ação fascistoide dos esbirros tucanos terá que
ser combatida com protestos em sentido contrário, exigindo apuração do caso Furnas.
Desse modo, este Blog exorta movimentos
sociais e sindicais de esquerda a se prepararem para pedir justiça em relação à
roubalheira impune que o PSDB pratica há décadas sem que Polícia Federal,
Ministério Público e a mídia atuem como atuam contra o PT e a esquerda em
geral. Do contrário, mais essa investigação contra o PSDB será abafada.
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