Paulo Nogueira
Sérgio Moro tem medo de Eduardo Cunha.
Esta é a única explicação razoável para
a inoperância patética da Lava-Jato em relação a Cláudia Cruz, a mulher de
Cunha.
A desculpa de que não foi possível
notificá-la por não saber seu endereço é uma das coisas mais ridículas da
história da Lava-Jato e do golpe.
Ou é uma prova da extrema inépcia de
Moro ou é uma evidência do caráter da Lava-Jato.
Fico com a hipótese dois, com o
acréscimo, repito, do medo que Moro parece ter de Cunha.
Examinemos o caráter da Lava-Jato.
Ficou claro, e já faz tempo, que seu
alvo é o PT.
O resto são efeitos colaterais, e em
geral indesejados.
O tratamento é completamente diferente.
Rigor extremo para uns, complacência
absoluta para outros.
Cunha mesmo: ele só se enrolou mesmo
porque os suíços entregaram suas contas secretas no país.
Mesmo assim, ele continua aí.
E não são pequenas as possibilidades de
que escape quase impune dos múltiplos crimes que cometeu.
E então chegamos a Moro e Cunha.
Moro mostrou extrema valentia, aspas,
sobre os pedalinhos de Atibaia. E não hesitou em coagir Lula indevidamente para
um depoimento, sob cobertura circense da imprensa.
Mas é pateticamente manso com Claudia
Cruz.
É que Cunha manda muito.
Seu poder de retaliação, nas sombras, é
tão grande quanto era antes à luz do sol.
Sua ligação com Temer é estreita e
antiga.
Imagine o que ele não conhece sobre o
amigo Michel.
E se ele abrir a boca?
Não é uma hipótese plausível, a rigor.
Sua força reside exatamente em mantê-la
fechada por um preço que lhe seja compensador.
O que Cunha poderia fazer contra Moro
caso quisesse?
Ninguém sabe.
Moro também não parece saber, como
sugere sua chocante maneira de conduzir o caso Cláudia Cunha.
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