terça-feira, 30 de maio de 2017

FRENTE PEDE "DIRETAS JÁ" E APRESENTA ALTERNATIVA CONTRA A CRISE

Frente pede "Diretas Já" e apresenta alternativa contra a crise


O ex-ministro da Ciência e Tecnologia, Roberto Amaral, abriu o ato da Frente Brasil Popular, nesta segunda (29), em São Paulo, defendendo a necessidade de tomar as ruas, em defesa da saída do presidente Michel Temes e pelo direito do povo de ir às urnas. O evento, que contou com a presença de políticos, artistas, intelectuais e representantes dos movimentos sociais, além de defender Diretas Já, promoveu o lançamento de um plano de emergência popular para tirar o país da crise.

O objetivo, segundo as organizações que compõem a Frente, é o restabelecimento da “ordem constitucional democrática, defender a soberania nacional, enfrentar a crise econômica, reverter o desmonte do Estado e salvar as conquistas históricas do povo trabalhador”, diz parte do texto, apresentado no Teatro da PUC em São Paulo.

“A proposta é tirar o país da crise, substituindo o governo golpista, ilegítimo, sem base popular, por um governo ditado pelas urnas. O eixo do plano é a democratização do Estado. Isso é fundamental, porque quem precisa de democracia, de SUS, de escola pública é o povo”, disse Amaral.

De acordo com ele, a plataforma apresentada pela Frente busca a retomada do desenvolvimento, com distribuição de renda. “Sem desenvolvimento não há emprego, se cala a classe trabalhadora”, completou. Segundo ele, é preciso mobilização popular. “Vamos voltar às ruas, não as deixar mais, aprofundar a ligação com os movimentos sindical e popular, realizar greves necessárias, porque o poder econômico só entende essa linguagem”.

O Plano de Emergência da Frente centra-se em dez eixos: democratização do Estado; política de desenvolvimento, emprego e renda; reforma Agrária e agricultura familiar; reforma Tributária; direitos sociais e trabalhistas; direito à saúde, à educação, à cultura, à moradia; segurança pública; direitos humanos e cidadania; defesa do meio ambiente e política externa soberana.

Na sua fala, Amaral destacou a importância de democratização da mídia. “Temos mídia que não faz jornalismo, que é partido político de direita, que é monopólio da informação, antidemocrático”, afirmou, sob gritos da plateia, que entoava: “o povo não é bobo, abaixo a Rede Globo”.

O ex-ministro defendeu a necessidade de uma autocrítica, já que durante 13 anos, os governos do PT não avançaram na democratização da comunicação. Ele lembrou que veículos alternativos estão com atuação ameaçada, sem condições de sobrevivência econômica.

Outro ponto ressaltado por ele foi a democratização do Judiciário. ”Eu disse uma vez que mais importante que reforma agrária era a reforma do judiciário. E a crise que aí está – a Lava Jato, essas coisas, - deixou nu o poder judiciário, que serve a uma classe, que é corrupto também”, discursou, sublinhando ainda a necessidade de uma política externa soberana.

“Ao lado das políticas sociais do governo, da defesa da economia, um ponto forte dos governos, especialmente os do Lula, foi a política externa independente. E saímos dela para uma política subalterna, renunciando ao papel de liderança no Hemisfério Sul, de porta voz dos estados que não tinham condição de voz e fala. Hoje estamos desmoralizados no plano internacional”, lamentou.

A presidenta da União Nacional dos Estudantes (UNE), Carina Vitral, falou sobre a importância da unidade dos movimentos sociais, sob a Frente Brasil Popular. “Foi a Frente que denunciou pela primeira vez que um golpe estava em curso; que chorou a derrota amarga de uma votação forjada no congresso; que empunhou a bandeira do ‘Fora, Temer’, que tem lutado contra cada uma das reformas regressivas e contra todos os retrocessos do governo Temer. E é essa frente que vai derrotar esse governo que quer tirar os direitos da classe trabalhadora e colocar a crise nas costas dos trabalhadores”, discursou.

Carina afirmou ainda que o programa da frente lançado durante o evento é fruto de sabedoria e do acúmulo dos movimentos sociais nos últimos anos.

“Mescla sonhos, projetos, programas das classes populares e dos movimentos e uma certa autocrítica sobre tudo que a gente pode fazer e não fez. É com esse plano que vamos nos embandeirar para derrotar o Temer. Para mostrar que nós faríamos diferente. O objetivo inicial é derrubar Temer e superar a crise. Não existe desenvolvimento soberano, projeto de nação, sem superar a crise. E queremos enfrentar a crise com proteção ao emprego, mantendo direitos, não com retrocessos”, disse, puxando um coro de “Fora, Temer”.


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