O
desimpedido
O ministro Gilmar Mendes
bateu um recorde particular. Ele levou 24 horas para conceder dois habeas
corpus ao mesmo réu.
O felizardo foi Jacob Barata
Filho, acusado de chefiar a máfia dos ônibus do Rio. Segundo a Procuradoria, o
esquema distribuiu mais de R$ 200 milhões em propina a políticos.
O empresário caiu na Operação
Ponto Final, um desdobramento da Lava Jato. Ele sabia que era investigado e foi
detido quando tentava deixar o país com documentos sigilosos.
Era um caso típico de prisão
preventiva.
Assim entendeu o Tribunal
Regional Federal, que confirmou a decisão do juiz Marcelo Bretas.
Na quinta-feira, Gilmar
mandou soltar o rei dos ônibus. Bretas emitiu outra ordem de prisão, baseada em
fatos diferentes.
O ministro se irritou e disse
à imprensa que a decisão era "atípica". No dia seguinte, concedeu um
novo habeas corpus a Barata.
A decisão de Gilmar não foi
"atípica".
O ministro é conhecido por
abrir as portas da cadeia a personagens envolvidos em grandes escândalos.
Soltou o ex-médico Roger
Abdelmassih, condenado pelo estupro de 37 pacientes.
Soltou o empresário Eike
Batista, suspeito de pagar propina em três esferas de governo.
Soltou o ex-deputado José
Riva, considerado o maior ficha-suja do país.
A novidade da vez é que o
ministro foi padrinho de casamento da filha de Barata.
O rei dos ônibus organizou
uma festa-ostentação no auge dos protestos contra o aumento das passagens, em
2013.
A PM de Sérgio Cabral,
acusado de embolsar dinheiro do pai da noiva, foi acionada para proteger os
convidados.
Além do laço nupcial, o
Ministério Público apontou outros dois motivos para o ministro se declarar
suspeito de julgar caso.
1)
Seu cunhado é
sócio de Barata, e
2)
a mulher dele (Gilmar)
trabalha no escritório de advocacia que defende as empresas de ônibus.
Gilmar não se constrangeu.
Enquanto seus colegas do
Supremo se mantiverem em silêncio, ele continuará a atuar assim: desimpedido.
Fonte: Conversaafiada
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