segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Informativo Semanal do Prof. Ernesto Germano Pares

20% 




Hasta siempre, comandante!
Até 1959, Cuba era uma espécie de prostíbulo dos EUA. Lá funcionavam os grandes cassinos e as maiores redes de prostituição. Mais do que isto, tinha toda a sua indústria do açúcar e toda a rede de hotéis sob total dominação do capital estadunidense.
Um país com um dos maiores índices de desigualdade social no planeta e a maior parte da população vivia na mais completa miséria.
Fidel Castro Ruiz era filho de grande proprietário de terras, mas, desde os tempos de estudante, era um ferrenho opositor do governo corrupto de Fulgêncio Batista e lutava contra o domínio dos EUA em seu país.
No dia 26 de Julho de 1953, já formado em direito, Fidel Castro consegue reunir 165 lutadores que, como ele, combatiam a ditadura de Batista e realizam o “assalto ao quartel-general de Moncada”, em Santiago de Cuba, e ao quartel de Céspedes. A ideia era tomar as os quartéis para armar a população e derrubar a ditadura comandada por Batista e os estadunidenses.
A insurreição fracassou. A maioria dos companheiros de Fidel são mortos. Fidel é capturado, julgado e condenado a 15 anos de prisão. Sendo advogado, fez sua própria defesa e um dos mais belos discursos da sua história. “A História me Absolverá” se transformou em um dos textos mais lidos da época e, até hoje, muito procurado.
“Condene-me, não importa, a História me absolverá”, disse ele em sua defesa.
Fidel é anistiado e sai em liberdade, em 1955, indo para o México onde começa a montar um grupo lutadores pensando em retornar ao seu país e continuar a luta contra Batista. Entre seus companheiros de luta vamos encontrar Ernesto Che Guevara, Camilo Cienfuegos e Raul Castro. Ao todo, apenas 83 homens que embarcam em um pequeno barco, o Granma, com destino à Cuba.
Sua longa luta tem início em 1956 e termina com a deposição de Fulgêncio Batista! Mas toda essa história é vastamente conhecida por todos. Nosso Informativo, hoje, quer prestar uma homenagem a todos os que lutaram por uma sociedade melhor.
CAMILO CIENFUEGOS, PRESENTE!
ERNESTO CHE GUEVARA, PRESENTE!
PATRICE LUMUMBA, PRESENTE!
APOLÔNIO DE CARVALHO, PRESENTE!
DOROTHY STANG, PRESENTE!
CARLOS LAMARCA, PRESENTE!
CARLOS MARIGHELLA, PRESENTE!
IARA IAVELBERG, PRESENTE!
JUAREZ ANTUNES, PRESENTE!
STUART ANGEL, PRESENTE!
GREGÓRIO BEZERRA, PRESENTE!
LUIZ CARLOS PRESTES, PRESENTE!
OLGA BENÁRIO, PRESENTE!
GLADYS MARYN, PRESENTE!
GIULIANA SGRENA, PRESENTE!
DOM VALDIR CALHEIROS, PRESENTE!
FREI TITO, PRESENTE!
FLORESTAN FERNANDES, PRESENTE!
WILLIAM, VALMIR E BARROSO, PRESENTES!
ERICO SACHS, PRESENTE!
NELSON MANDELA, PRESENTE!
VITO GIANNOTTI, PRESENTE!
SALVADOR ALLENDE, PRESENTE!
HUGO CHÁVEZ, PRESENTE!
FIDEL CASTRO RUZ, PRESENTE!
... TODOS OS DEMAIS LUTADORES, PRESENTES!
“HÁ HOMENS QUE LUTAM UM DIA E SÃO BONS, HÁ OUTROS QUE LUTAM UM ANO E SÃO MELHORES, HÁ OS QUE LUTAM MUITOS ANOS E SÃO MUITO BONS. MAS HÁ OS QUE LUTAM TODA A VIDA E ESTES SÃO IMPRESCINDÍVEIS”.
BERTOLT BRECHT, PRESENTE!
“Este é um país que vai pra frente”! A musiquinha da época da ditadura militar veio imediatamente à lembrança quando encontramos a declaração do “senhor” presidente do do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Gilmar Mendes, convidando os participantes do Movimento Brasil Livre (MBL), comandado pelo “intelectual” Kim Kataguiri, para que participem da “reforma política” que está em andamento e pretende preparar o terreno para as eleições de 2018.
Gilmar Mendes teceu longos elogios ao MBL, em palestra proferida no sábado (19), e não deixou de criticar a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que proibiu o financiamento de campanha por empresas.
“Espero que o movimento de vocês se engaje nessa reforma. A mensagem que eu deixo é que, como hoje responsável pela Justiça Eleitoral, nós precisamos fazer a reforma político-eleitoral”, disse.
Mostrando toda a sua preocupação com a possibilidade de perderem as próximas eleições, o “senhor” ministro disse que sem as reformas que o “próprio sistema reclama”, não há garantias de prosseguimento do atual “quadro de normalidade institucional. Temos de investir na reforma para que já em 2018 tenhamos outro quadro”, disse.
Para deixar bem clara a sua posição retrógrada e reacionária, o “presidente” do TSE pediu o engajamento do MBL em defesa da terceirização da gestão dos serviços públicos como mecanismo para “melhoria dos serviços públicos para reduzir a desigualdade”.
Só para lembrar, o MBL surgiu como movimento apartidário contra a corrupção durante os protestos pelo Passe Livre, em 2013. Mas logo revelou-se como um movimento alinhado com os donos da política mais reacionária do país. Agora está mostrando sua verdadeira face: transformou-se em uma milícia de direita que agride estudantes que defendem suas escolas contra os cortes de orçamento do desgoverno Temer. No dia 27 de outubro passado, cerca de cem militantes do MBL tentaram expulsar estudantes que ocupam os colégios Pedro Macedo e Lysimaco Ferreira da Costa, em Curitiba. A garotada protesta contra a PEC 241, que limita os gastos públicos por 20 anos e vai causar prejuízos à educação e saúde públicas.
Nas recentes eleições o MBL indicou candidatos e conseguiu eleger um cretino em São Paulo que já se pronunciou contra as cotas nas universidades e quer o fim do Dia da Consciência Negra.
Nosso Informativo não poderia deixar de lembrar que as tristemente famosas SS nazistas começaram exatamente assim. Pequenas milícias, quase totalmente formadas por jovens, criadas para “proteger” os dirigentes nazistas e divulgar ideologias preconceituosas contra pobres e trabalhadores. Acabou virano a mais eficiente máquina de extermínio criada pela irracionalidade humana!
Á beira do abismo? Em 1964, em plena campanha do golpe que destruiu a democracia no país, os setores que defendiam a deposição de João Goulart e exigiam a intervenção dos quartéis na vida nacional diziam que “o país está à beira do abismo”, alertando para um possível “golpe comunista” tramado no Kremlin e que tinha o apoio de Jango.
Há poucos meses vimos um discurso semelhante, contra o PT, contra Dilma ou contra o Lula, dizendo que o país caminhava para o abismo e que a economia não suportaria as políticas nacionalistas e avanços sociais defendidas pelo Governo. Diziam que o país caminhava para uma recessão e para uma crise econômica que levaria de roldão os trabalhadores e o povo.
Deram o golpe, com apoio de amplas camadas iludidas pela propaganda televisiva e por campanhas mentirosas nas redes sociais. Mais uma vez, o discurso da direita era “o país está à beira do abismo”! E conseguiram seu objetivo.
Agora, poucos meses depois de rasgarem a Constituição e vencerem pela mentira, vemos que o abismo só está começando, ao contrário do que eles diziam. O governo interino anunciou na segunda-feira (21) a redução da projeção de crescimento do Produto Interno Bruto em 2017, de 1,6% para 1%. Para 2016, a projeção, que era queda de 3%, piorou, passando para uma contração de 3,5% da economia. Os dados foram divulgados pelo secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Fábio Kanczuk.
A notícia não podia deixar de lembrar uma piadinha que corria em 1964, depois do golpe militar. A direita dizia que “o país estava à beira do abismo”, mas as rádios tocavam uma marchinha dizendo “esse é um país que vai pra frente”!
Como dizia Marx, “a história não se repete, a primeira vez é uma farsa e a segunda vez é uma tragédia”!
O que estará sendo tramado? Muita gente está debatendo as eleições presidenciais de 2018, mas poucos estão acompanhando o que pode acontecer até lá e como os golpistas poderão montar um grande esquema que impeça o retorno do país ao desenvolvimento e à justiça social.
Vejamos quais os cenários possíveis para antecipar as eleições presidenciais: a) o golpista Temer sofrer um impeachment até 31 de dezembro, coisa que sabemos não vai acontecer porque o PSDB está articulando tudo para janeiro de 2018; b) o interino Temer ser cassado pelo TSE até 31 de dezembro, mas também sabemos que o nosso “judiciário” está a favor do golpe e Gilmar Mendes jamais deixaria andar um processo de cassação ou; c) o pulha Temer renunciar ao mandato, também até 31 de dezembro, coisa que ele não vai fazer porque está “agarrado às tetas do poder”.
Mas, a partir de janeiro de 2017, tudo mudaria. Em qualquer das três hipóteses seria convocada uma eleição indireta. Ou seja, 30 dias depois do afastamento do interino Temer, o Congresso Nacional teria uma reunião extraordinária para eleger uma chapa para completar o mandato, até dezembro de 2018.
O que interessaria mais ao PSDB? Temer tem condições de se manter nessa maré até dezembro de 2018? Haverá uma negociação para que ele aceite sair, mas levando algumas regalias e mantendo alguns dos seus apaniguados nos cargos?
Adeus BB? O discurso é o mesmo do passado e o objetivo também: privatizar e entregar tudo o que for possível para a iniciativa privada.
O presidente interino, Michel Temer, já está anunciando o total desmonte de mais uma empresa estatal e chegou a vez do Banco do Brasil. O projeto foi publicado no domingo (20) com o pomposo nome de “plano de reestruturação” para “enxugar a estrutura administrativa” do banco. Um discurso que já conhecemos de tempos passados e que volta a se apresentar.
Pelo que sabemos, até agora, o projeto prevê o fechamento de 781 agências, um corte de 14%, o que pressupõe desemprego para cerca de 10 mil funcionários! E o documento diz ainda que toda a mudança deve ocorrer no decorrer de 2017.
Na proposta reestruturação do BB também estará o incentivo à aposentadoria de funcionários, uma versão moderna do PDV (Plano de Demissão Voluntária). O banco tem hoje 18 mil empregados que já poderiam ter de aposentado, mas seguem na ativa, estes terão até dezembro para aderir ao plano e se aposentarem.
Para quem se ilude com as propagandas oficiais sobre “economia para o país”, saiba que, em 2015, o Banco do Brasil anunciou ter registrado lucro líquido de R$ 14,4 bilhões. O resultado foi 28% superior ao obtido no ano anterior, quando os ganhos somaram R$ 11,24 bilhões.
O presidente do Banco do Brasil, Paulo Caffarelli, afirmou na segunda-feira (21) que a reestruturação de agências e o plano de demissão incentivada anunciados pela instituição financeira podem geral uma economia anual de R$ 3,798 bilhões, caso os 18 mil funcionários habilitados optem por deixar o banco em troca de benefícios.
Empresários querem a Reforma da Previdência. Uma pesquisa realizada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) com empresários de todos os portes revela que três em cada quatro (76,9%) entrevistados consideram a reforma da Previdência necessária para o país. Somente 15,2% dos empresários dos segmentos do varejo e serviços disseram que as regras devem ser mantidas como estão. Apesar da maioria dos empresários consultados considerar a reforma necessária, nem todos avaliam que as propostas apresentadas até o momento são as melhores: 39,4% defendem mudanças na legislação com regras diferentes das que estão em discussão atualmente.
Quase a metade (48,7%) dos empresários acredita que a reforma da Previdência deve ser urgente. Dentre os motivos para que as alterações sejam feitas de maneira rápida, o mais citado é o mentiroso, mas muito divulgado, “alto déficit na Previdência” (44,8%), seguido daqueles que acreditam que o sistema é injusto e deve ser resolvido o quanto antes (37,0%). Considerando os 37,8% de entrevistados que defendem o adiamento de uma decisão, o motivo mais mencionado é a necessidade de se pensar a reforma de maneira mais profunda (76,5%).
Menor nível de ocupação em 16 anos! A indústria brasileira atravessa seu pior momento em pelo menos 16 anos. De janeiro a outubro, a ocupação média das fábricas está em 73,9%, o menor índice desde 2001, quando a Fundação Getúlio Vargas (FGV) começou a fazer o levantamento. Nesses 16 anos, a média histórica de ocupação de capacidade da indústria é de 80,9%.
“A grande ociosidade na indústria mostra a profundidade da crise econômica”, diz a coordenadora da Sondagem Industrial do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da FGV, Tabi Thuler Santos. Segundo ela, dos 19 segmentos pesquisados, 80% estão com a ocupação baixa ou extremamente baixa. O segmento que está em pior situação é o de automóveis. Em outubro, as montadoras usavam 55,9% da capacidade das fábricas, menor nível mensal de ocupação também em 16 anos.
A japonesa Honda, que investiu R$ 1 bilhão numa nova fábrica em Itirapina (SP), por exemplo, continua com a planta fechada e sem perspectivas de utilizá-la no curto prazo. O presidente da Honda do Brasil, Issao Mizoguchi, afirma que nem o início da produção de um novo veículo da marca no País, o utilitário-esportivo compacto WR-V, será suficiente para ativar a fábrica. A unidade está pronta desde o fim de 2015, deveria ter sido inaugurada no início deste ano, mas segue fechada, com todos os equipamentos da linha de montagem aguardando a melhora do mercado. “Pode ser que a fábrica fique ainda um ano ou mais parada, não sabemos”, afirma o executivo.
Mais um golpe dos patrões, com as bênçãos do governo golpista! A partir de 2017, as empresas não precisarão mais comunicar acidentes de trabalho que levem a afastamento por até 15 dias e também deixarão de comunicar todos os acidentes de trajeto. A mudança foi decidida pelo Conselho Nacional de Previdência Social.
Excluindo os dois itens do cálculo do FAP (Fator Acidentário de Prevenção) o trabalhador será duplamente penalizado. O fundo é calculado de acordo com a quantidade e a gravidade dos acidentes registrados em cada empresa. Como o número de notificações vai cair, o recolhimento da taxa também cairá.
Para os empresários, a medida permitirá economizar entre R$ 2 bilhões e R$ 4 bilhões, calculam as representações dos trabalhadores. Hoje, as empresas são obrigadas a contribuir com valores que variam de 1% a 3% da folha de pagamento para o FAP.
Mas tudo virou um “mar de rosas”, para alguns. O número de milionários no País continua a se expandir. Dados publicados na segunda-feira (21) pelo Credit Suisse apontam que 10 mil novos brasileiros passaram a ser considerados como tendo uma fortuna acima de US$ 1 milhão, somando um total de 172 mil pessoas em 2016.
Os dados se contrastam com a realidade econômica do País, com um desemprego recorde. Segundo o próprio estudo revelado na Suíça, o Brasil “enfrenta sérias dificuldades”.
Na avaliação realizada por um dos maiores bancos da Suíça, ativos financeiros continuam representando 36% do patrimônio de famílias no Brasil. Além dos 172 mil milionários no país, o Brasil conta com 245 mil adultos entre a camada que representa 1% da riqueza mundial.
O país que registrou um maior incremento de milionários em 2016 foi o Japão, com 738 mil novas pessoas nessa categoria, atingindo 2,8 milhões de cidadãos. Nos EUA, eles já são 13,5 milhões de pessoas, contra 1,6 milhão na Alemanha. Entre as maiores economias da América Latina, o número de milionários caiu na Argentina e México.  Na China, com 1,5 milhão de milionários, a economia também perdeu 43 mil pessoas nessa categoria.
No mundo, o número total de milionários passou de 32,3 milhões em 2015 para 32,9 milhões em 2016. 596 mil novas fortunas foram registradas no ano.
Argentina: o fascismo não tem limites. Na Argentina, como no Brasil, o fascismo vê espaços para impor sua ideologia, seja de que forma for.
A presidenta da Associação Mães da Praça de Maio, Hebe de Bonafini, denunciou nesta semana que recebeu, em casa, uma ameaça de morte depois de ter escrito uma carta ao Papa Francisco pedindo ajuda diante do agravamento da situação social no país que afunda em fome, desemprego e medo.
Segundo Hebe de Bonafini, depois que sua carta foi divulgada pela imprensa começaram a amedrontá-la. Primeiro seu telefone celular parou de funcionar, depois ameaçaram cortar o telefone fixo. Às duas e meia da madrugada de domingo tocou o porteiro eletrônico. “Levantei-me, fui atender com um pouco de medo e uma voz disse claramente ‘velha de m***, filha da ***, pare de enviar cartas ao Papa, porque vamos pegar você e arrebentar você se não parar de insultar nosso presidente’”, contou ela.
Ela já recebeu mensagens de apoio de várias entidades, em diversos países, mas disse que não vai apresentar denúncia formal “porque a polícia nunca investiga e os juízes nem se mechem”. Mas terminou a declaração dizendo que “mas trago o fato para vocês, que são quem realmente me protegem e tenho medo de voltemos ao tempo das ameaças covardes daqueles que não mostram suas caras”.
As “Mães” não se dobram. A presidenta da Associação Mães da Praça de Maio, Hebe de Bonafini, declarou ao jornal “Prensa Latina” que já estão preparando uma nova marcha de resistência para o dia 08 de dezembro e que várias outras organizações sociais já anunciaram a adesão ao ato. Pelo programa preparado, serão 24 horas ininterruptas de marchas, cantos e manifestações. Aqui colocamos o lema da marcha, no original, para manter a rima: “lucha y resistencia o hambre y represión, Cristina (Fernández) conducción”.
Ela destacou que a América Latina atravessa um momento muito complexo e que “as coisas estão muito mal, na Argentina”. Por isso enviou a carta ao Papa, relatando a situação.
“O fim da história”, mas ao contrário? Muitos ainda lembram de um dos maiores sucessos editoriais da década de 1990 e também um dos maiores fracassos em termos de “análises políticas” ou de tentativas historiográficas. Estamos falando do livro “O fim da história”, de um charlatão chamado Francis Fukuyama.
Depois da queda do Muro de Berlim, aquele “senhor” previu que o socialismo estava acabado e que o capitalismo era já o grande vencedor. A história tinha chegado a um fim e agora tudo o mais seria um comando das grandes nações e dos grandes capitais.
Por quase meio século muitos acreditaram nessa balela. Ouvíamos falar em uma coisa chamada “vantagens da abertura e do livre mercado”, um discurso monótono que colocava o fim da União Soviética como o fim de uma possibilidade de lutar contra a globalização neoliberal que já avançava sob as rédeas conduzidas por Ronald Reagan, Margareth Thatcher e Helmut Kohl.
Para quem esqueceu, o final da Primeira Guerra trouxe um fato inusitado, algo que a humanidade não conhecia anteriormente. É verdade que antes da década de 1920, e até no século anterior, a humanidade já havia passado por grandes crises. Mas todas eram crises criadas por catástrofes naturais (seca, terremotos, pragas, etc.). O início do Século XX, mais precisamente a década da Primeira Grande Guerra, trouxe também um fator novo que não conhecíamos: uma crise de produção do próprio capitalismo.
A Grande Depressão, em 1929, reduziu o comércio mundial a apenas 10% do que produzia antes. O capitalismo ainda em sua fase inicial, sempre dependente de mão de obra barata, viu reduzir o número de imigrantes que podiam ser explorados nos grandes centros industriais (Inglaterra, França, EUA, Alemanha, etc.).
Mas conseguiram, ainda que com meios artificiais, superar a difícil crise. Jogaram milhões de trabalhadores na pobreza, mas salvaram suas empresas e o modo de produção visando o lucro e a acumulação de capitais. E tudo voltou a acontecer na década de 1940, com a Segunda Grande Guerra. O sistema entrou em nova crise, era necessário reequilibrar a economia e as grandes empresas, e o mundo foi lançado em um Guerra que não era mais do que uma disputa entre nações capitalistas para ver quem ficava com as melhores fontes de energia, de matérias primas e de produtos agrícolas para a alimentação dos países de centro.
O fim da Segunda Guerra e a chamada Guerra Fria deu ao sistema capitalista um tempo para desafogar seus problemas. Ainda que algumas crises tenham ocorrido, como a crise do petróleo na década de 1970, nada se compara à crise criada a partir de 2008, quando explodiu de vez a grande falácia do sistema. O velho filósofo renano, Karl Marx, já havia escrito no Volume 3 de sua obra O Capital que “o capital que gera capital sem produzir mercadoria é a forma mais perfeita do fetiche capitalista e levará a uma grande crise”.
Foi o que vimos. Os bancos e as grandes financeiras hoje dominam o mercado e toda a circulação capitalista. Segundo alguns economistas, se somarmos todo o PIB mundial não chega a um quarto do “dinheiro fictício” que circula nas bolsas de valores. Ou seja, o mundo moderno não tem como pagar a especulação dos grandes bancos e dos grandes investidores. Não há produção mundial capaz de equilibrar o capital que circula imaginariamente nas bolsas de valores.
Por que estamos descrevendo toda essa história? Para podermos fazer uma análise da eleição de Donald Trump, nos EUA, e do que significa o atual discurso de “fim da globalização” e “pós neoliberalismo”, dois termos que estão sendo agora debatidos por alguns analistas.
Voltaremos ao assunto.


 

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