Hasta
siempre, comandante!
Até 1959, Cuba era uma espécie de prostíbulo dos EUA.
Lá funcionavam os grandes cassinos e as maiores redes de prostituição. Mais do
que isto, tinha toda a sua indústria do açúcar e toda a rede de hotéis sob
total dominação do capital estadunidense.
Um país com um dos maiores índices de desigualdade
social no planeta e a maior parte da população vivia na mais completa miséria.
Fidel Castro Ruiz era filho de grande proprietário de
terras, mas, desde os tempos de estudante, era um ferrenho opositor do governo
corrupto de Fulgêncio Batista e lutava contra o domínio dos EUA em seu país.
No dia 26 de Julho de 1953, já formado em direito,
Fidel Castro consegue reunir 165 lutadores que, como ele, combatiam a ditadura
de Batista e realizam o “assalto ao quartel-general de Moncada”, em Santiago de
Cuba, e ao quartel de Céspedes. A ideia era tomar as os quartéis para armar a
população e derrubar a ditadura comandada por Batista e os estadunidenses.
A insurreição fracassou. A maioria dos companheiros de
Fidel são mortos. Fidel é capturado, julgado e condenado a 15 anos de prisão.
Sendo advogado, fez sua própria defesa e um dos mais belos discursos da sua
história. “A História me Absolverá” se transformou em um dos textos mais lidos
da época e, até hoje, muito procurado.
“Condene-me, não importa, a História me absolverá”,
disse ele em sua defesa.
Fidel é anistiado e sai em liberdade, em 1955, indo
para o México onde começa a montar um grupo lutadores pensando em retornar ao
seu país e continuar a luta contra Batista. Entre seus companheiros de luta
vamos encontrar Ernesto Che Guevara, Camilo Cienfuegos e Raul Castro. Ao todo,
apenas 83 homens que embarcam em um pequeno barco, o Granma, com destino à
Cuba.
Sua longa luta tem início em 1956 e termina com a
deposição de Fulgêncio Batista! Mas toda essa história é vastamente conhecida
por todos. Nosso Informativo, hoje, quer prestar uma homenagem a todos os que
lutaram por uma sociedade melhor.
CAMILO CIENFUEGOS, PRESENTE!
ERNESTO CHE GUEVARA, PRESENTE!
PATRICE LUMUMBA, PRESENTE!
APOLÔNIO DE CARVALHO, PRESENTE!
DOROTHY STANG, PRESENTE!
CARLOS LAMARCA, PRESENTE!
CARLOS MARIGHELLA, PRESENTE!
IARA IAVELBERG, PRESENTE!
JUAREZ ANTUNES, PRESENTE!
STUART ANGEL, PRESENTE!
GREGÓRIO BEZERRA, PRESENTE!
LUIZ CARLOS PRESTES, PRESENTE!
OLGA BENÁRIO, PRESENTE!
GLADYS MARYN, PRESENTE!
GIULIANA SGRENA, PRESENTE!
DOM VALDIR CALHEIROS, PRESENTE!
FREI TITO, PRESENTE!
FLORESTAN FERNANDES, PRESENTE!
WILLIAM, VALMIR E BARROSO, PRESENTES!
ERICO SACHS, PRESENTE!
NELSON MANDELA, PRESENTE!
VITO GIANNOTTI, PRESENTE!
SALVADOR ALLENDE, PRESENTE!
HUGO CHÁVEZ, PRESENTE!
FIDEL CASTRO RUZ, PRESENTE!
... TODOS OS DEMAIS LUTADORES, PRESENTES!
“HÁ HOMENS QUE
LUTAM UM DIA E SÃO BONS, HÁ OUTROS QUE LUTAM UM ANO E SÃO MELHORES, HÁ OS QUE
LUTAM MUITOS ANOS E SÃO MUITO BONS. MAS HÁ OS QUE LUTAM TODA A VIDA E ESTES SÃO
IMPRESCINDÍVEIS”.
BERTOLT BRECHT, PRESENTE!
• “Este é um país que vai pra frente”! A musiquinha da época da ditadura militar veio
imediatamente à lembrança quando encontramos a declaração do “senhor”
presidente do do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Gilmar Mendes,
convidando os participantes do Movimento Brasil Livre (MBL), comandado pelo
“intelectual” Kim Kataguiri, para que participem da “reforma política” que está
em andamento e pretende preparar o terreno para as eleições de 2018.
Gilmar Mendes teceu longos elogios ao MBL, em palestra
proferida no sábado (19), e não deixou de criticar a decisão do Supremo
Tribunal Federal (STF), que proibiu o financiamento de campanha por empresas.
“Espero que o movimento de vocês se engaje nessa
reforma. A mensagem que eu deixo é que, como hoje responsável pela Justiça
Eleitoral, nós precisamos fazer a reforma político-eleitoral”, disse.
Mostrando toda a sua preocupação com a possibilidade de
perderem as próximas eleições, o “senhor” ministro disse que sem as reformas
que o “próprio sistema reclama”, não há garantias de prosseguimento do atual
“quadro de normalidade institucional. Temos de investir na reforma para que já
em 2018 tenhamos outro quadro”, disse.
Para deixar bem clara a sua posição retrógrada e
reacionária, o “presidente” do TSE pediu o engajamento do MBL em defesa da
terceirização da gestão dos serviços públicos como mecanismo para “melhoria dos
serviços públicos para reduzir a desigualdade”.
Só para lembrar, o MBL surgiu como movimento
apartidário contra a corrupção durante os protestos pelo Passe Livre, em 2013.
Mas logo revelou-se como um movimento alinhado com os donos da política mais reacionária
do país. Agora está mostrando sua verdadeira face: transformou-se em uma
milícia de direita que agride estudantes que defendem suas escolas contra os
cortes de orçamento do desgoverno Temer. No dia 27 de outubro passado, cerca de
cem militantes do MBL tentaram expulsar estudantes que ocupam os colégios Pedro
Macedo e Lysimaco Ferreira da Costa, em Curitiba. A garotada protesta contra a
PEC 241, que limita os gastos públicos por 20 anos e vai causar prejuízos à
educação e saúde públicas.
Nas recentes eleições o MBL indicou candidatos e
conseguiu eleger um cretino em São Paulo que já se pronunciou contra as cotas
nas universidades e quer o fim do Dia da Consciência Negra.
Nosso Informativo não poderia deixar de lembrar que as
tristemente famosas SS nazistas começaram exatamente assim. Pequenas milícias,
quase totalmente formadas por jovens, criadas para “proteger” os dirigentes
nazistas e divulgar ideologias preconceituosas contra pobres e trabalhadores.
Acabou virano a mais eficiente máquina de extermínio criada pela irracionalidade
humana!
• Á beira do abismo?
Em 1964, em plena campanha do golpe que destruiu a democracia no país, os setores
que defendiam a deposição de João Goulart e exigiam a intervenção dos quartéis
na vida nacional diziam que “o país está à beira do abismo”, alertando para um
possível “golpe comunista” tramado no Kremlin e que tinha o apoio de Jango.
Há poucos meses vimos um discurso semelhante, contra o
PT, contra Dilma ou contra o Lula, dizendo que o país caminhava para o abismo e
que a economia não suportaria as políticas nacionalistas e avanços sociais
defendidas pelo Governo. Diziam que o país caminhava para uma recessão e para
uma crise econômica que levaria de roldão os trabalhadores e o povo.
Deram o golpe, com apoio de amplas camadas iludidas
pela propaganda televisiva e por campanhas mentirosas nas redes sociais. Mais
uma vez, o discurso da direita era “o país está à beira do abismo”! E
conseguiram seu objetivo.
Agora, poucos meses depois de rasgarem a Constituição e
vencerem pela mentira, vemos que o abismo só está começando, ao contrário do
que eles diziam. O governo interino anunciou na segunda-feira
(21) a redução da projeção de crescimento do Produto Interno Bruto em 2017, de
1,6% para 1%. Para 2016, a projeção, que era queda de 3%, piorou, passando para
uma contração de 3,5% da economia. Os dados foram divulgados pelo secretário de
Política Econômica do Ministério da Fazenda, Fábio Kanczuk.
A notícia não podia deixar de lembrar uma piadinha que corria em 1964,
depois do golpe militar. A direita dizia que “o país estava à beira do abismo”,
mas as rádios tocavam uma marchinha dizendo “esse é um país que vai pra
frente”!
Como dizia Marx, “a história não se repete, a primeira vez é uma farsa e
a segunda vez é uma tragédia”!
• O que estará sendo tramado? Muita gente está debatendo as eleições presidenciais de 2018, mas
poucos estão acompanhando o que pode acontecer até lá e como os golpistas
poderão montar um grande esquema que impeça o retorno do país ao desenvolvimento
e à justiça social.
Vejamos quais os cenários possíveis para antecipar as
eleições presidenciais: a) o golpista Temer sofrer um impeachment até 31 de
dezembro, coisa que sabemos não vai acontecer porque o PSDB está articulando
tudo para janeiro de 2018; b) o interino Temer ser cassado pelo TSE até 31 de
dezembro, mas também sabemos que o nosso “judiciário” está a favor do golpe e
Gilmar Mendes jamais deixaria andar um processo de cassação ou; c) o pulha
Temer renunciar ao mandato, também até 31 de dezembro, coisa que ele não vai
fazer porque está “agarrado às tetas do poder”.
Mas, a partir de janeiro de 2017, tudo mudaria. Em
qualquer das três hipóteses seria convocada uma eleição indireta. Ou seja, 30
dias depois do afastamento do interino Temer, o Congresso Nacional teria uma
reunião extraordinária para eleger uma chapa para completar o mandato, até
dezembro de 2018.
O que interessaria mais ao PSDB? Temer tem condições de
se manter nessa maré até dezembro de 2018? Haverá uma negociação para que ele
aceite sair, mas levando algumas regalias e mantendo alguns dos seus
apaniguados nos cargos?
• Adeus
BB? O discurso é o mesmo do passado e o objetivo
também: privatizar e entregar tudo o que for possível para a iniciativa
privada.
O presidente interino, Michel Temer, já está anunciando o total desmonte
de mais uma empresa estatal e chegou a vez do Banco do Brasil. O projeto foi
publicado no domingo (20) com o pomposo nome de “plano de reestruturação” para
“enxugar a estrutura administrativa” do banco. Um discurso que já conhecemos de
tempos passados e que volta a se apresentar.
Pelo que sabemos, até agora, o projeto prevê o fechamento de 781 agências, um corte de 14%, o que pressupõe
desemprego para cerca de 10 mil funcionários! E o documento diz ainda que toda
a mudança deve ocorrer no decorrer de 2017.
Na proposta reestruturação do BB também estará o
incentivo à aposentadoria de funcionários, uma versão moderna do PDV (Plano de
Demissão Voluntária). O banco tem hoje 18 mil empregados que já poderiam ter de
aposentado, mas seguem na ativa, estes terão até dezembro para aderir ao plano
e se aposentarem.
Para quem se ilude com as propagandas oficiais sobre
“economia para o país”, saiba que, em 2015, o Banco do Brasil anunciou ter
registrado lucro líquido de R$ 14,4 bilhões. O resultado foi 28% superior ao
obtido no ano anterior, quando os ganhos somaram R$ 11,24 bilhões.
O presidente do Banco do Brasil, Paulo Caffarelli,
afirmou na segunda-feira (21) que a reestruturação de agências e o plano de
demissão incentivada anunciados pela instituição financeira podem geral uma
economia anual de R$ 3,798 bilhões, caso os 18 mil funcionários habilitados
optem por deixar o banco em troca de benefícios.
• Empresários
querem a Reforma da Previdência. Uma pesquisa realizada pelo Serviço de Proteção ao
Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL)
com empresários de todos os portes revela que três em cada quatro (76,9%)
entrevistados consideram a reforma da Previdência necessária para o país.
Somente 15,2% dos empresários dos segmentos do varejo e serviços disseram que
as regras devem ser mantidas como estão. Apesar da maioria dos empresários
consultados considerar a reforma necessária, nem todos avaliam que as propostas
apresentadas até o momento são as melhores: 39,4% defendem mudanças na
legislação com regras diferentes das que estão em discussão atualmente.
Quase a metade (48,7%) dos empresários acredita que a
reforma da Previdência deve ser urgente. Dentre os motivos para que as
alterações sejam feitas de maneira rápida, o mais citado é o mentiroso, mas
muito divulgado, “alto déficit na Previdência” (44,8%), seguido daqueles que
acreditam que o sistema é injusto e deve ser resolvido o quanto antes (37,0%).
Considerando os 37,8% de entrevistados que defendem o adiamento de uma decisão,
o motivo mais mencionado é a necessidade de se pensar a reforma de maneira mais
profunda (76,5%).
• Menor nível de ocupação em 16 anos! A indústria brasileira atravessa seu pior momento em
pelo menos 16 anos. De janeiro a outubro, a ocupação média das fábricas está em
73,9%, o menor índice desde 2001, quando a Fundação Getúlio Vargas (FGV)
começou a fazer o levantamento. Nesses 16 anos, a média histórica de ocupação
de capacidade da indústria é de 80,9%.
“A grande ociosidade na indústria mostra a profundidade
da crise econômica”, diz a coordenadora da Sondagem Industrial do Instituto
Brasileiro de Economia (Ibre) da FGV, Tabi Thuler Santos. Segundo ela, dos 19
segmentos pesquisados, 80% estão com a ocupação baixa ou extremamente baixa. O
segmento que está em pior situação é o de automóveis. Em outubro, as montadoras
usavam 55,9% da capacidade das fábricas, menor nível mensal de ocupação também
em 16 anos.
A japonesa Honda, que investiu R$ 1 bilhão numa nova
fábrica em Itirapina (SP), por exemplo, continua com a planta fechada e sem
perspectivas de utilizá-la no curto prazo. O presidente da Honda do Brasil,
Issao Mizoguchi, afirma que nem o início da produção de um novo veículo da
marca no País, o utilitário-esportivo compacto WR-V, será suficiente para ativar
a fábrica. A unidade está pronta desde o fim de 2015, deveria ter sido
inaugurada no início deste ano, mas segue fechada, com todos os equipamentos da
linha de montagem aguardando a melhora do mercado. “Pode ser que a fábrica
fique ainda um ano ou mais parada, não sabemos”, afirma o executivo.
• Mais um golpe dos patrões, com as bênçãos do governo
golpista! A partir de 2017, as
empresas não precisarão mais comunicar acidentes de trabalho que levem a
afastamento por até 15 dias e também deixarão de comunicar todos os acidentes
de trajeto. A mudança foi decidida pelo Conselho Nacional de Previdência
Social.
Excluindo os dois itens do cálculo do FAP (Fator
Acidentário de Prevenção) o trabalhador será duplamente penalizado. O fundo é
calculado de acordo com a quantidade e a gravidade dos acidentes registrados em
cada empresa. Como o número de notificações vai cair, o recolhimento da taxa
também cairá.
Para os empresários, a medida permitirá economizar
entre R$ 2 bilhões e R$ 4 bilhões, calculam as representações dos
trabalhadores. Hoje, as empresas são obrigadas a contribuir com valores que
variam de 1% a 3% da folha de pagamento para o FAP.
• Mas tudo virou um “mar de rosas”, para alguns. O número de milionários no País continua a se expandir.
Dados publicados na segunda-feira (21) pelo Credit Suisse apontam que 10 mil
novos brasileiros passaram a ser considerados como tendo uma fortuna acima de
US$ 1 milhão, somando um total de 172 mil pessoas em 2016.
Os dados se contrastam com a realidade econômica do País,
com um desemprego recorde. Segundo o próprio estudo revelado na Suíça, o Brasil
“enfrenta sérias dificuldades”.
Na avaliação realizada por um dos maiores bancos da
Suíça, ativos financeiros continuam representando 36% do patrimônio de famílias
no Brasil. Além dos 172 mil milionários no país, o Brasil conta com 245 mil adultos
entre a camada que representa 1% da riqueza mundial.
O país que registrou um maior incremento de milionários
em 2016 foi o Japão, com 738 mil novas pessoas nessa categoria, atingindo 2,8
milhões de cidadãos. Nos EUA, eles já são 13,5 milhões de pessoas, contra 1,6
milhão na Alemanha. Entre as maiores economias da América Latina, o número de
milionários caiu na Argentina e México.
Na China, com 1,5 milhão de milionários, a economia também perdeu 43 mil
pessoas nessa categoria.
No mundo, o número total de milionários passou de 32,3
milhões em 2015 para 32,9 milhões em 2016. 596 mil novas fortunas foram
registradas no ano.
• Argentina: o fascismo não tem limites. Na Argentina, como no Brasil, o fascismo vê espaços
para impor sua ideologia, seja de que forma for.
A presidenta da Associação Mães da Praça de Maio, Hebe
de Bonafini, denunciou nesta semana que recebeu, em casa, uma ameaça de morte
depois de ter escrito uma carta ao Papa Francisco pedindo ajuda diante do
agravamento da situação social no país que afunda em fome, desemprego e medo.
Segundo Hebe de Bonafini, depois que sua carta foi
divulgada pela imprensa começaram a amedrontá-la. Primeiro seu telefone celular
parou de funcionar, depois ameaçaram cortar o telefone fixo. Às duas e meia da
madrugada de domingo tocou o porteiro eletrônico. “Levantei-me, fui atender com
um pouco de medo e uma voz disse claramente ‘velha de m***, filha da ***, pare
de enviar cartas ao Papa, porque vamos pegar você e arrebentar você se não
parar de insultar nosso presidente’”, contou ela.
Ela já recebeu mensagens de apoio de várias entidades,
em diversos países, mas disse que não vai apresentar denúncia formal “porque a
polícia nunca investiga e os juízes nem se mechem”. Mas terminou a declaração
dizendo que “mas trago o fato para vocês, que são quem realmente me protegem e
tenho medo de voltemos ao tempo das ameaças covardes daqueles que não mostram
suas caras”.
• As “Mães” não se dobram. A presidenta da Associação Mães da Praça de Maio, Hebe de Bonafini, declarou
ao jornal “Prensa Latina” que já estão preparando uma nova marcha de
resistência para o dia 08 de dezembro e que várias outras organizações sociais
já anunciaram a adesão ao ato. Pelo programa preparado, serão 24 horas
ininterruptas de marchas, cantos e manifestações. Aqui colocamos o lema da
marcha, no original, para manter a rima: “lucha y resistencia o hambre y
represión, Cristina (Fernández) conducción”.
Ela destacou que a América Latina atravessa um momento
muito complexo e que “as coisas estão muito mal, na Argentina”. Por isso enviou
a carta ao Papa, relatando a situação.
• “O fim da história”, mas ao contrário? Muitos ainda lembram de um dos maiores sucessos
editoriais da década de 1990 e também um dos maiores fracassos em termos de
“análises políticas” ou de tentativas historiográficas. Estamos falando do
livro “O fim da história”, de um charlatão chamado Francis Fukuyama.
Depois da queda do Muro de Berlim, aquele “senhor”
previu que o socialismo estava acabado e que o capitalismo era já o grande
vencedor. A história tinha chegado a um fim e agora tudo o mais seria um
comando das grandes nações e dos grandes capitais.
Por quase meio século muitos acreditaram nessa balela.
Ouvíamos falar em uma coisa chamada “vantagens da abertura e do livre mercado”,
um discurso monótono que colocava o fim da União Soviética como o fim de uma
possibilidade de lutar contra a globalização neoliberal que já avançava sob as
rédeas conduzidas por Ronald Reagan, Margareth Thatcher e Helmut Kohl.
Para quem esqueceu, o final da Primeira Guerra trouxe
um fato inusitado, algo que a humanidade não conhecia anteriormente. É verdade
que antes da década de 1920, e até no século anterior, a humanidade já havia
passado por grandes crises. Mas todas eram crises criadas por catástrofes
naturais (seca, terremotos, pragas, etc.). O início do Século XX, mais
precisamente a década da Primeira Grande Guerra, trouxe também um fator novo
que não conhecíamos: uma crise de produção do próprio capitalismo.
A Grande Depressão, em 1929, reduziu o comércio mundial
a apenas 10% do que produzia antes. O capitalismo ainda em sua fase inicial,
sempre dependente de mão de obra barata, viu reduzir o número de imigrantes que
podiam ser explorados nos grandes centros industriais (Inglaterra, França, EUA,
Alemanha, etc.).
Mas conseguiram, ainda que com meios artificiais,
superar a difícil crise. Jogaram milhões de trabalhadores na pobreza, mas
salvaram suas empresas e o modo de produção visando o lucro e a acumulação de
capitais. E tudo voltou a acontecer na década de 1940, com a Segunda Grande
Guerra. O sistema entrou em nova crise, era necessário reequilibrar a economia
e as grandes empresas, e o mundo foi lançado em um Guerra que não era mais do
que uma disputa entre nações capitalistas para ver quem ficava com as melhores
fontes de energia, de matérias primas e de produtos agrícolas para a alimentação
dos países de centro.
O fim da Segunda Guerra e a chamada Guerra Fria deu ao
sistema capitalista um tempo para desafogar seus problemas. Ainda que algumas
crises tenham ocorrido, como a crise do petróleo na década de 1970, nada se
compara à crise criada a partir de 2008, quando explodiu de vez a grande
falácia do sistema. O velho filósofo renano, Karl Marx, já havia escrito no
Volume 3 de sua obra O Capital que “o capital que gera capital sem produzir
mercadoria é a forma mais perfeita do fetiche capitalista e levará a uma grande
crise”.
Foi o que vimos. Os bancos e as grandes financeiras
hoje dominam o mercado e toda a circulação capitalista. Segundo alguns
economistas, se somarmos todo o PIB mundial não chega a um quarto do “dinheiro
fictício” que circula nas bolsas de valores. Ou seja, o mundo moderno não tem
como pagar a especulação dos grandes bancos e dos grandes investidores. Não há
produção mundial capaz de equilibrar o capital que circula imaginariamente nas
bolsas de valores.
Por que estamos descrevendo toda essa história? Para
podermos fazer uma análise da eleição de Donald Trump, nos EUA, e do que
significa o atual discurso de “fim da globalização” e “pós neoliberalismo”,
dois termos que estão sendo agora debatidos por alguns analistas.
Voltaremos ao assunto.
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