terça-feira, 27 de dezembro de 2016

Vídeo viral mostra a realidade do que é ser negro nos EUA

26/12/2016 16:31 - Copyleft

Vídeo viral mostra a realidade do que é ser negro nos EUA

"Se uma mãe branca tivesse chamado a polícia, eu garanto que o policial não teria ignorado o suspeito e prendido a mãe violentamente."


Lauren McCauley, Common Dreams
Porsha Craver/ Facebook
Salientando o poder da tecnologia em dar luz à injustiça, um policial do Texas que foi pego em um vídeo de celular prendendo violentamente uma mãe negra e suas filhas adolescentes está agora sob investigação depois de milhões terem assistido o encontro impressionante e terem mostrado indignação nas redes sociais e nas ruas.

A residente de Fort Worth, Jacqueline Craig, chamou o Departamento de Polícia de Fort Worth (FWPD), na quarta-feira, depois de um vizinho ter supostamente atacado seu filho por ter jogado lixo no chão. Parentes disseram que o homem branco mais velho “pegou a criança pelo pescoço em uma tentativa de fazê-lo pegar o lixo do chão”, reportou o Fort Worth Star.

O vídeo, visto no Facebook por 2.4 milhões de pessoas até a sexta-feira, mostra o policial atendendo ao chamado e questionando Craig.

“Porque você não ensina seu filho a não jogar lixo no chão?” perguntou o policial.






“Ele não pode me provar que meu filho jogou lixo no chão,” respondeu Craig. “Mas não importa se ele fez ou não. Não dá direito a esse homem de colocar as mãos nele.”

“Porque não?” questionou o policial.
Veja o vídeo: https://goo.gl/PP0sl2

Enquanto a filha de 15 anos de Craig ia em direção à mãe para controlar a situação, o policial agarrou as duas e lutou com elas no chão enquanto as ameaçava com um taser. A outra filha de Craig gravou toda a interação antes de também ser presa.

“Não é uma situação na qual alguém usou uma ofensa racial, mas o racismo está 100% presente”, disse Lee Merritt, advogado representando a família, durante uma coletiva de imprensa na quinta-feira. “Se uma mãe branca tivesse chamado a polícia, eu garanto que o policial não teria ignorado o suspeito e prendido a mãe”.

Merritt disse que Craig e sua filha de 19 anos, Brea Hymon, foram presas e “acusadas de má conduta 1) resistência 2) interferência 3) falha em se identificar”. Foram liberadas na quinta-feira com fiança. A filha de 15 anos foi liberada da detenção juvenil na quarta-feira.

E além disso tudo, noto Merritt, a FWPD “nunca registrou a violência original ao filho de Craig”.

Pedindo que o policial seja imediatamente demitido, manifestantes se reuniram do lado de fora do Tribunal de Tarrant County na quinta-feira à noite. Na mesma hora, mensagens de indignação continuavam a inundar as redes sociais com a hashtag #ThouShallNotLitter.

Em uma declaração na quinta-feira, a FWPD disse que a Unidade de Assuntos Cibernéticos começou a revisar o incidente depois de o Departamento ter recebido informações sobre o vídeo. “O policial envolvido foi colocado em status de atividade temporária pelo Chefe de Polícia esperando o resultado da investigação interna”, lê a declaração.

Respondendo ao incidente, Terri Burke, diretor executivo da ACLU do Texas, disse que o policial “ignorou os padrões de policiamento comunitário básicos e sua própria responsabilidade de controlar a situação”.

“Esse incidente e muitos outros mostram que, para as pessoas de cor, mostrar qualquer coisa que não seja completa reverência aos policiais – independente da situação – pode ter consequências injustas e trágicas”, disse Burke. “Essa injustiça fundamental também é uma ameaça à segurança pública. Se uma mulher negra em Fort Worth não pode chamar a polícia depois de seu filho ser supostamente enforcado por um vizinho sem ser preso, porque ela chamaria a polícia novamente?”

O colunista do New York Daily News, Shaun King , observou que a injustiça exposta no vídeo é, infelizmente, a “realidade do que é ser negro nos EUA”.

“Claramente, os negros já sabem que algo simples como isso nunca é simples com a polícia do nosso país”, ele escreveu. “É ótimo que isso tenha sido filmado, porque o que aconteceu e o que o policial racista disse, não teria sido levado a sério se não tivesse sido filmado”.


Créditos da foto: Porsha Craver/ Facebook

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