Doria: a ruína da ambição sem caráter
Alguém pode se surpreender com o fato de o Datafolha revelar que João Doria Júnior, depois de 11 meses no cargo que usa como plataforma de suas ambições, tenha saído da condição de “grande novidade” da política para se tornar um governante rejeitado pelo povão e sustentado apenas pela elite rica de São Paulo?
Ainda sustentado, diga-se, porque à medida em que se evidenciar que Doria é fósforo queimado, ela o abandonará por algum brinquedo novo, por um novo boneco que com que possa engambelar a classe média e manter o poder.
Fósforo queimado, sim, porque os 39% de ruim e péssimo que a pesquisa publicada hoje pela Folha lhe atribui se iguala, dentro da margem de erro, à avaliação que tiveram Celso Pitta (42%), Maluf (41%) e Jânio Quadros (40%). E iguala, pelo avesso, à que teve Haddad, com seu erro de crer que a São Paulo “cult” é maior que a São Paulo do povão, com o qual não soube dialogar e se fazer entendido.
O fracasso rotundo de João Doria é um destes momentos em que, nos tempos duros que vivemos, realimenta a convicção de que a seriedade política tem seu valor e que os aventureiros estão fadados a desmascararem-se em sua farsa.
Essa é a diferença que faz com que Dória, em 11 meses de comando da maior cidade do país, com farta promoção e publicidade, atinja um nível de rejeição que exigiu anos e anos de acusações, perseguições e morices a construírem para Lula e que vai se desfazendo, porque o Lula real sobrevive, enquanto o Doria “gestor” se desfaz.
A verdade, dizia sempre Leonel Brizola, é a realidade. E a realidade teima em surgir, teimosa, mesmo quando sobre ela se derrama a crosta da propaganda e da manipulação.
Doria é, de fato, o “anti-Lula” que apregoaram ser. Não porque pudesse vencê-lo eleitoralmente, o que nunca pôde, mas porque é fugaz como tudo o que não brota da vida real.
Ah, e na fria realidade da política, que descarta o inservível, o ex-candidato a presidente caminha para ser, também, o ex-candidato a Governador.
Ou para, aventureiro que é, empurrar todas fichas à mesa e levar junto Geraldo Alckmin, que chora lágrimas de arrependimento de ter criado seu “gremlin”.
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