terça-feira, 5 de dezembro de 2017

LAVA-JATO VIRA PARTIDO CLANDESTINO E VAI PARTICIPAR DAS ELEIÇÕES DE 2018

Lava-Jato vira partido clandestino e vai participar das eleições de 2018



Ribamar Fonseca


O Brasil virou mesmo casa de mãe Joana, onde todo mundo manda. Além dos americanos e ingleses, de Temer, Jucá, Sarney, Eduardo Cunha e Aécio Neves, também mandam – e muito – os procuradores da Operação Lava-Jato. Esta operação, que se tornou um poder paralelo no país dando ordens, atropelando leis, desrespeitando a Constituição e ditando regras admitidas até pela Suprema Corte, agora escancarou também a sua condição de partido político clandestino, até então mascarado com o pretexto de combater a corrupção.

Seus procuradores, que já vinham interferindo na vida política do país, criminalizando a classe, desmoralizando os políticos e até apresentando projetos de lei, decidiram participar das eleições de 2018, se houver, recomendando nomes e, inclusive – quem sabe? – com candidatos próprios.

Embora eles neguem ninguém tem dúvida de que alguns deles concorrerão às próximas eleições: basta observar a postura e o discurso politico, por exemplo, de Deltan Dallagnol e Carlos Fernando.

Na verdade, eles vivem criticando e fazendo acusações a políticos, tornando a classe desacreditada, mas estão doidos para entrar na política e conseguir um mandato eletivo.

Reunidos no Rio de Janeiro para, segundo disseram, traçar diretrizes para a operação no próximo ano, os procuradores da Lava-Jato em atividades no Rio, São Paulo e Curitiba divulgaram uma carta informando que em 2018 vão deflagrar "operações conjuntas" com o claro objetivo de influenciar as eleições. O coordenador da força-tarefa do Paraná, Deltan Dallagnol, justifica a iniciativa dos procuradores afirmando que naquele ano "haverá a batalha final para a Lava-Jato".

Mas o que eles pretenderam dizer com "traçar diretrizes", "operações conjuntas" e "batalha final"?

São eles que decidem os rumos da operação?

Não existe mais hierarquia no Ministério Público?

A Procuradora Geral da República, Raquel Dodge, teoricamente a chefe deles, teve alguma participação na elaboração dessas diretrizes?

Foi, pelo menos, consultada?

E o juiz Sergio Moro, que se acredita seja o chefe da Lava-Jato, está sabendo disso tudo?

Afinal, quem é mesmo que manda na operação?

Não é mais segredo para ninguém que a Lava-Jato tem vida própria, uma instituição poderosa dentro do Judiciário – por isso faz o que bem entende sem dar a mínima para a PGR ou para o STF – mas o que não se sabia é que os procuradores são os donos da bola, ditando os procedimentos, os caminhos e os alvos da operação.

A julgar pelo protagonismo deles, fica a impressão de que a Policia Federal é mera coadjuvante, apenas cumprindo as suas ordens, enquanto ao juiz Sergio Moro cabe a tarefa de assinar os mandados de prisão e as sentenças de acordo com o que foi decidido e solicitado por eles, os procuradores.

Conclusão: são eles mesmo que mandam.

E se sentem tão poderosos que criticam todo mundo, inclusive o Judiciário que, segundo Dallagnol, peca pela falta de "resolutividade" dos processos. "O sistema brasileiro – ele disse, em entrevista – é feito para não resolver questões importantes e investigações contra os poderosos".

Eles ficaram tão ousados que já se habituaram a criticar até o Supremo.

A pose deles, na foto em que anunciaram a carta, parece a de uma junta militar à paisana detentora de grande poder.

Como até hoje nenhum deles, inclusive o juiz Sergio Moro, foi incomodado pelas instâncias superiores, todos se sentem donos absolutos do poder. O juiz Moro, por exemplo, que se habituou a abusar do seu poder sem sofrer sequer uma advertência do Supremo, declarou recentemente que não se arrepende de ter violado a Constituição grampeando a presidente da República e divulgando o conteúdo do grampo.

Ele continua perseguindo escandalosamente o ex-presidente Lula, com a aprovação silenciosa da Suprema Corte, e negando todos os pedidos da sua defesa. Como agravante, a "Folha de São Paulo" revelou que o pessoal da Lava-Jato tem pressionado a Construtora Andrade Gutierrez para delatar Lula e o seu filho, do contrário não haverá acordo.

A presidenta do STF, ministra Carmen Lúcia, alertou recentemente sobre os excessos da operação, afirmando que "a corrupção precisa ser combatida e a lei cumprida, mas em nome do combate à corrupção não se pode atropelar a Constituição nem a lei".

Lindas palavras que, no entanto, não passam de palavras porque concretamente ela simplesmente não faz absolutamente nada para conter os excessos do juiz e dos procuradores.

Fica tudo no discurso.

Não faz muito tempo os procuradores da Lava-Jato, não satisfeitos com os seu poder, resolveram elaborar um projeto de lei com dez itens, classificados por eles como de anticorrupção, e o apresentaram à Câmara dos Deputados. O projeto, que chegava a extinguir o habeas-corpus e a legalizar a tortura, era tão absurdo que o ministro Gilmar Mendes classificou os seus autores de "cretinos". E, como seria de se esperar, não foi aprovado pelo Congresso.

Em compensação o Senado já aprovou um projeto, denominado pelo senador Roberto Requião de "Lei Cancellier", em homenagem ao reitor da Universidade de Santa Catarina vitimado pelos excessos da Lava-Jato, que pune os abusos de autoridade. Quando entrar em vigor essa lei deverá por um freio aos excessos de magistrados e procuradores, pois se depender dos seus superiores eles continuarão abusando do poder que o concurso lhes proporcionou. Tanto isso é verdade que já ameaçam interferir nas eleições do próximo com "ações conjuntas" para a "batalha final".

Parece coisa de super-heróis.


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Comentário deste blogueiro: tem muita gente querendo "uma boquinha" e imunidade parlamentar para escapar das ações judiciais que surgirão no futuro.


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