Lava-Jato vira
partido clandestino e vai participar das eleições de 2018
Ribamar Fonseca
O Brasil virou mesmo casa de
mãe Joana, onde todo mundo manda. Além dos americanos e ingleses, de Temer,
Jucá, Sarney, Eduardo Cunha e Aécio Neves, também mandam – e muito – os
procuradores da Operação Lava-Jato. Esta operação, que se tornou um poder
paralelo no país dando ordens, atropelando leis, desrespeitando a Constituição
e ditando regras admitidas até pela Suprema Corte, agora escancarou também a
sua condição de partido político clandestino, até então mascarado com o
pretexto de combater a corrupção.
Seus procuradores, que já
vinham interferindo na vida política do país, criminalizando a classe,
desmoralizando os políticos e até apresentando projetos de lei, decidiram
participar das eleições de 2018, se houver, recomendando nomes e, inclusive –
quem sabe? – com candidatos próprios.
Embora eles neguem ninguém
tem dúvida de que alguns deles concorrerão às próximas eleições: basta observar
a postura e o discurso politico, por exemplo, de Deltan Dallagnol e Carlos
Fernando.
Na verdade, eles vivem
criticando e fazendo acusações a políticos, tornando a classe desacreditada,
mas estão doidos para entrar na política e conseguir um mandato eletivo.
Reunidos no Rio de Janeiro
para, segundo disseram, traçar diretrizes para a operação no próximo ano, os
procuradores da Lava-Jato em atividades no Rio, São Paulo e Curitiba divulgaram
uma carta informando que em 2018 vão deflagrar "operações conjuntas"
com o claro objetivo de influenciar as eleições. O coordenador da força-tarefa
do Paraná, Deltan Dallagnol, justifica a iniciativa dos procuradores afirmando
que naquele ano "haverá a batalha final para a Lava-Jato".
Mas o que eles pretenderam
dizer com "traçar diretrizes", "operações conjuntas" e
"batalha final"?
São eles que decidem os rumos
da operação?
Não existe mais hierarquia no
Ministério Público?
A Procuradora Geral da
República, Raquel Dodge, teoricamente a chefe deles, teve alguma participação
na elaboração dessas diretrizes?
Foi, pelo menos, consultada?
E o juiz Sergio Moro, que se
acredita seja o chefe da Lava-Jato, está sabendo disso tudo?
Afinal, quem é mesmo que
manda na operação?
Não é mais segredo para
ninguém que a Lava-Jato tem vida própria, uma instituição poderosa dentro do
Judiciário – por isso faz o que bem entende sem dar a mínima para a PGR ou para
o STF – mas o que não se sabia é que os procuradores são os donos da bola, ditando
os procedimentos, os caminhos e os alvos da operação.
A julgar pelo protagonismo
deles, fica a impressão de que a Policia Federal é mera coadjuvante, apenas
cumprindo as suas ordens, enquanto ao juiz Sergio Moro cabe a tarefa de assinar
os mandados de prisão e as sentenças de acordo com o que foi decidido e
solicitado por eles, os procuradores.
Conclusão: são eles mesmo que
mandam.
E se sentem tão poderosos que
criticam todo mundo, inclusive o Judiciário que, segundo Dallagnol, peca pela
falta de "resolutividade" dos processos. "O sistema brasileiro –
ele disse, em entrevista – é feito para não resolver questões importantes e
investigações contra os poderosos".
Eles ficaram tão ousados que
já se habituaram a criticar até o Supremo.
A pose deles, na foto em que
anunciaram a carta, parece a de uma junta militar à paisana detentora de grande
poder.
Como até hoje nenhum deles,
inclusive o juiz Sergio Moro, foi incomodado pelas instâncias superiores, todos
se sentem donos absolutos do poder. O juiz Moro, por exemplo, que se habituou a
abusar do seu poder sem sofrer sequer uma advertência do Supremo, declarou
recentemente que não se arrepende de ter violado a Constituição grampeando a
presidente da República e divulgando o conteúdo do grampo.
Ele continua perseguindo
escandalosamente o ex-presidente Lula, com a aprovação silenciosa da Suprema
Corte, e negando todos os pedidos da sua defesa. Como agravante, a "Folha
de São Paulo" revelou que o pessoal da Lava-Jato tem pressionado a Construtora
Andrade Gutierrez para delatar Lula e o seu filho, do contrário não haverá
acordo.
A presidenta do STF, ministra
Carmen Lúcia, alertou recentemente sobre os excessos da operação, afirmando que
"a corrupção precisa ser combatida e a lei cumprida, mas em nome do
combate à corrupção não se pode atropelar a Constituição nem a lei".
Lindas palavras que, no
entanto, não passam de palavras porque concretamente ela simplesmente não faz
absolutamente nada para conter os excessos do juiz e dos procuradores.
Fica tudo no discurso.
Não faz muito tempo os
procuradores da Lava-Jato, não satisfeitos com os seu poder, resolveram
elaborar um projeto de lei com dez itens, classificados por eles como de
anticorrupção, e o apresentaram à Câmara dos Deputados. O projeto, que chegava
a extinguir o habeas-corpus e a legalizar a tortura, era tão absurdo que o
ministro Gilmar Mendes classificou os seus autores de "cretinos". E,
como seria de se esperar, não foi aprovado pelo Congresso.
Em compensação o Senado já
aprovou um projeto, denominado pelo senador Roberto Requião de "Lei
Cancellier", em homenagem ao reitor da Universidade de Santa Catarina
vitimado pelos excessos da Lava-Jato, que pune os abusos de autoridade. Quando
entrar em vigor essa lei deverá por um freio aos excessos de magistrados e
procuradores, pois se depender dos seus superiores eles continuarão abusando do
poder que o concurso lhes proporcionou. Tanto isso é verdade que já ameaçam
interferir nas eleições do próximo com "ações conjuntas" para a "batalha
final".
Parece coisa de super-heróis.
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Comentário deste blogueiro: tem muita gente querendo "uma boquinha" e imunidade parlamentar para escapar das ações judiciais que surgirão no futuro.
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