Filha de Berta Cáceres sofre atentado em Honduras
Sobrevive ao ataque de um grupo de homens, Berta Zúñiga Cáceres (Bertita), filha da ambientalista hondurenha Berta Cáceres, assassinada em 2016.
O ataque a Berta Zúñiga Cáceres, conhecida Bertita, de 26 anos, foi desferido por um grupo de homens armados de facões, no último sábado (1º de julho), em La Paz, em Honduras. A filha de #Berta Cáceres acabara de ser eleita líder do Copinh (Conselho Cívico de Organizações Populares e Indígenas de Honduras), que foi dirigido por sua mãe [Berta Cáceres], assassinada em casa, em março de 2016. Foi atacado, também, José Asunción Martínez, ativista do Copinh.
A mãe de Betita tinha 45 anos e lutava, com seus companheiros de Copinh, contra o projeto Agua Zarca de construção de uma hidrelétrica no Rio Gualcarque, sagrado para os indígenas da etnia lenca, a qual pertence à família Cáceres.
A jovem líder do Copinh participara, na semana passada, de uma manifestação em apoio à legislação estadunidense que determina a suspensão de todo apoio militar dos Estados Unidos a Honduras.
Conforme noticiado pela agência Democracy Now!, Bertita disse à Rádio Lenca o que pensa sobre a legislação estadunidense: "Concretamente, a lei ordenada a suspensão de toda ajuda militar dos EUA a Honduras, até que o caso do assassinato de Berta Cáceres seja resolvido de maneira efetiva. Mas não só este caso, como também outros, como os da região do Bajo Aguán e os casos de ambientalistas hondurenhos e hondurenhas que foram mortos na defesa da vida neste país".
Em entrevista à #anistia internacional, em 2016, Bertita disse que o assassinato de sua mãe "foi um crime político. Mataram-na com ódio e sanha, e também por ser mulher".
Sobre o projeto Agua Zarca, Bertita disse que a comunidade lenca nunca foi consultada, o que vai contra, também, ao direito internacional sobre consulta aos povos originários a respeito de iniciativas que ocupam terras indígenas.
Não ao silêncio
A jovem líder havia dito à Anistia Internacional que o assassinato de sua mãe não foi um caso isolado e que há muitos outros atentados e assassinatos contra ativistas, em especial ambientalistas. "São cifras escandalosamente altas para um país pequeno e que não está em nenhum conflito armado". Como noticiado, passa de uma centena de mortos.
Ela sublinhou que o assassinato de sua mãe é uma mostra do clima de impunidade em Honduras. "É fácil matar alguém em meu país, porque o mais provável é que não haverá consequências". Disse, ainda, à Anistia Internacional, que se mataram sua mãe, uma líder conhecida e reconhecida internacionalmente (em 2015 recebeu o Prêmio Goldman, tido como Nobel verde), o mesmo pode acontecer com qualquer um.
Se o silêncio foi o efeito pretendido pelos algozes de sua mãe, Bertita disse que o assassinato de Berta Cáceres provocou um efeito contrário.
"Nós gostamos de dizer que minha mãe não morreu, mas se multiplicou. Tudo isto nos tornou mais fortes". Disse que se o crime contra sua mãe ficar impune, as coisas irão piorar ainda.
Na mesma entrevista, em 2016, ela assegurara que a luta do Copinh continua firme, efetiva, não obstante a triste morte de sua mãe e o clima de terror que os algozes ainda provocam. E o efeito está nesta tentativa de assassinato de Bertita e José Martínez.
A jovem liderança tem participado de diversas iniciativas internacionais, inclusive na Europa, com o objetivo de pressionar o governo de Honduras a apurar efetivamente o assassinato de Berta Cáceres, entre outros.
Em junho, a Rádio Mundo Real noticiou um comunicado do Copinh, no qual a entidade alerta aos hondurenhos e a comunidade internacional sobre sua preocupação quanto às condições indefesas dos indígenas de Rio Branco ameaçados constantemente por homens armados.
No comunicado, a entidade requer das autoridades hondurenhas medidas imediatas que protejam a integridade física dos indígenas e a vida dos integrantes do Copinh, que seguem na defesa das suas terras ancestrais e contra a invasão promovida pela Desa (Desenvolvimentos Energéticos S.A.), autora do projeto Agua Zarca. Betita disse que o Copinh luta contra 49 projetos empresariais em territórios da etnia lenca, que prosseguem mesmo após o assassinato de sua mãe.
Continuaremos a relatar sobre tal questão, inclusive o andamento do processo contra os supostos autores do assassinato da ambientalista Berta Cáceres, em março de 2016. #Meio ambiente
Nenhum comentário:
Postar um comentário