Roberto Amaral
Acuado por denúncias que já chegaram ao
seu gabinete, o presidente ilegítimo Michel Temer precisa ganhar tempo e
protelar ao máximo o julgamento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que pode
cassar a chapa encabeçada por Dilma Rousseff e, consequentemente, colocar fim
ao governo atual.
“Em circunstâncias normais, Temer já
seria uma carta fora do baralho, porque – tirando as questões conhecidas, como
Eliseu Padilha, José Yunes etc. – ele está contaminado pelo processo de
cassação da chapa, que é indivisível. Mas há um esforço do governo para evitar
o julgamento”, diz o ex-ministro da Ciência e Tecnologia e ex-presidente do PSB
Roberto Amaral.
A tentativa de protelar o julgamento é
para permitir que a mudança na composição do TSE favoreça o presidente
ilegítimo da República. "Temer continua vulnerável. A diferença de
dezembro para cá é que o cerco chegou ao Palácio do Planalto, no gabinete dele,
com a conversa com Marcelo Odebrecht, a confissão do Yunes e as acusações sobre
o Padilha, que certamente não vai reassumir.”
Em dezembro, Amaral disse que, “a partir
de 1° de janeiro, Michel Temer é uma carta descartável, que pode ser jogada
fora do jogo, porque sua substituição já poderá ser por via indireta”.
Nesta quarta-feira de Cinzas (1° de
março), o empreiteiro Marcelo Odebrecht contou ao TSE (Tribunal Superior
Eleitoral) ter jantado com o presidente ilegítimo Michel Temer no Palácio do
Jaburu, em Brasília, durante a campanha de 2014.
Teriam falado sobre contribuição para
aliados do PMDB.
No TSE, os ministros Henrique Neves e
Luciana Lóssio terão os mandatos encerrados entre abril e maio próximos. A
escolha final dos que ocuparão os substitutos será de Temer, entre integrantes
de uma lista elaborada pelo Supremo Tribunal Federal. Os próximos ministros
serão decisivos para formar maioria de quatro entre os sete magistrados do TSE
que definirão o futuro de Temer no tribunal.
As informações são de que o relator do
caso, ministro Hermann Benjamin, estaria preparando um voto duro contra Temer e
contra a tese de que se pode condenar a titular da chapa, Dilma.
Essa separação salvaria o mandato de
Temer. Gilmar Mendes deu indicações de ser a favor da separação da chapa.
Para Amaral, mais do que o próprio
Temer, “o sistema está jogando hoje com duas cartas igualmente decisivas”. Uma
das cartas é a manutenção do Temer (o que implicaria o presidente ilegítimo
escapar no TSE), “passando por cima das denúncias e de tudo isso, correndo o
risco de desmoralizar a Lava-Jato e deixar tudo como está”, diz Amaral.
A segunda carta seria a aceitação da
tese da cassação da chapa Dilma-Temer e realização de eleição indireta,
resultando na eleição de “um presidente tampão até as eleições”. “Nesse caso se
instaura a ditadura do Congresso, aquela que vimos no final do governo Dilma.
Eles têm maioria mais que absoluta no Congresso”, lembra Amaral.
A solução final poderia ser a mudança do
sistema.
“Se (os protagonistas do golpe contra
Dilma Rousseff) virem que não vão eleger presidente ou conseguir inviabilizar a
candidatura do Lula em 2018, tentarão uma solução como o parlamentarismo, que
esvazia os poderes do presidente e fortalece os do Congresso.”
Fonte: Rede Brasil Atual
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