O ex-diretor da Odebrecht Carlos Armando Paschoal,
conhecido como CAP, relatou em delação premiada o pagamento de R$ 500 mil por
meio de caixa dois para a campanha ao Senado de Aloysio Nunes (PSDB), que tomou
posse na semana passada como ministro de Relações Exteriores.
O repasse, segundo o delator, ocorreu em 2010, quando
o tucano se elegeu o senador mais votado da história de São Paulo, com mais de
11 milhões de votos, 30% do total.
Segundo CAP, o pedido por dinheiro foi feito pelo
próprio Aloysio e as entregas foram realizadas em duas ou três parcelas em
hotéis na zona sul da capital paulista.
O ex-executivo disse a procuradores da Lava-Jato que o
tucano designou uma pessoa de sua confiança com quem foram combinadas senhas e
endereços de entrega dos recursos.
Segundo a prestação de contas ao TSE (Tribunal
Superior Eleitoral), Aloysio Nunes arrecadou R$ 9,2 milhões naquelas eleições.
A Odebrecht não aparece entre os doadores.
Carlos Armando Paschoalé um dos 78 delatores da
empreiteira que firmaram acordo com a Lava-Jato. Ele atuava no contato junto a
políticos e na negociação de doações para campanhas eleitorais de São Paulo.
As colaborações foram homologadas pelo STF (Supremo
Tribunal Federal). A PGR (Procuradoria-Geral da República) deve pedir nos
próximos dias a abertura de inquéritos para investigar os políticos citados.
Aloysio Nunes não foi o único tucano citado por Carlos
Armando Paschoal. Como a Folha revelou em outubro, consta na delação do
ex-executivo o pagamento de R$ 23 milhões de caixa dois para a campanha
presidencial de José Serra de 2010, incluindo repasses por meio de conta na
Suíça.
Serra antecedeu Aloysio no cargo de ministro das
Relações Exteriores e pediu demissão no mês passado alegando problemas de
saúde. Carlos Armando Paschoaltambém detalhou pagamento em espécie para as
campanhas de 2010 e 2014 do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB).
Conforme reportagem da Folha, um dos operadores, segundo ele, foi Adhemar Ribeiro, irmão
da primeira-dama, Lu Alckmin. Tanto Serra quanto Alckmin
negam ter praticado irregularidades.
Aloysio Nunes já fora mencionado em outras delações.
Segundo pessoas ligadas às investigações da Lava-Jato,
o ministro Aloysio Nunes também está na proposta de delação de Léo Pinheiro,
sócio da OAS. A negociação com Pinheiro foi suspensa no ano passado pela PGR
após vazamentos de seu conteúdo.
A Folha apurou que nos documentos da OAS
Aloysio Nunes aparece entre os vinculados a pagamentos ilícitos
envolvendo a construção do Rodoanel, em São Paulo.
Outra delação, esta já homologada, que trouxe fatos
citando o ministro Aloysio Nunes é a da UTC. Segundo Walmir Pinheiro,
ex-diretor financeiro da empreiteira, uma doação de R$ 200 mil foi feita em
espécie à campanha de 2010 de Aloysio Nunes por meio do advogado Marco Moro,
amigo do político que cuidou das finanças da campanha.
Marcos Moro nega ter se encontrado com o ex-diretor da
UTC para tratar de recursos ilegais. O STF abriu em 2015 um inquérito para
investigar o caso, que está em segredo de Justiça.
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