Fernando Brito
Vai começar, amanhã, a semana infernal
da política brasileira, a não ser que o procurador Rodrigo Janot decida, o que
é improvável, optar por uma escandalosa seletividade no tratamento das delações
da Odebrecht.
Vamos começar a sentir se os
procuradores do “Fim do Mundo” querem ser apenas cúmplices de um projeto
conservador ou se confirmam que têm, eles próprios, uma aspiração
messiânico-autoritária.
O viés especificamente anti-Lula,
golpista e anti-esquerda de tudo o que foi feito agora, claro, obriga a uma
“distribuição” de suspeitas que vai atingir em cheio o Governo Temer e o PSDB.
A credibilidade só pode mesmo ser
buscada assim.
O que importa é que, a esta altura,
importa pouco o que se atire sobre Lula e Dilma sem suporte em fatos, o que até
agora não se conseguiu fazer.
Mas importa muito, porque a
plausibilidade do que é dito nas delações tem suporte documental justamente no
“pessoal do outro lado”.
Eliseu Padilha volta amanhã – talvez
pelo alerta de Renan Calheiros de que o espaço que tem fosse tomado por Eduardo
Cunha – e passa a ser uma situação insustentável dentro do próprio Palácio do
Planalto.
Mas onde doerá, mesmo, é no baixo clero
parlamentar, onde está o problema essencial da sobrevivência política de
MichelTemer e que talvez o faça submeter-se à inglória missão de manter Padilha no Ministério.
O nome deste problema é Reforma da
Previdência.
E a condição para que isso aconteça é a
anistia ao “Caixa 2”.
Com todo o esforço de Gilmar Mendes,
Fernando Henrique e Aécio Neves, a turba que levou o golpista ao poder
dificilmente será domada nisso, sobretudo na mídia.
Quando a opinião pública passa a ver que
“todos são iguais”, acaba vendo que Lula foi diferente.
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