Não
há como deixar de chegar ao PSDB
Convidada para participar do Festival
Internacional de Filmes de Direitos Humanos, em Genebra, a presidenta eleita
Dilma Rousseff rebateu a declaração do ministro do Supremo Tribunal Federal
(STF) e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Gilmar Mendes, que,
agora com delatores citando o envolvimento de membros da cúpula do PMDB e PSDB,
diz que doações em caixa dois podem não configurar corrupção.
"Por que será que ele fala sobre
isso agora?", questiona Dilma. E completa: "Acho isso muito
interessante. Passei toda uma campanha eleitoral e nunca ouvi isso. Acho que
uma coisa está mudando. Não há como deixar de chegar ao PSDB", afirmou
Dilma com ironia aos jornalistas no evento.
Dilma enfatizou que foi vítima de uma
conspiração política que não trouxe paz nem desenvolvimento ao Brasil.
"Vivemos uma situação indefinida no Brasil e ninguém sabe como as coisas
vão se desenrolar", afirmou.
Ela também defendeu o legado de seu
governo e destacou os programas sociais, citando ainda a transposição do Rio
São Francisco como um legado deixado pelo ex-presidente Lula.
Nesta sexta (10), a obra do trecho leste
foi inaugurada por Michel Temer.
Se referindo a ele como "presidente
ilegítimo", Dilma disse que Temer não pode buscar melhorar sua
popularidade "em cima da obra alheia".
Sem citar o nome de seu sucessor, a quem
chamou de "presidente ilegítimo", Dilma afirmou que Temer não pode
tentar melhorar sua popularidade "em cima da obra alheia".
Ainda segundo a presidenta, o governo
atual representa uma ameaça ao conjunto de políticas sociais implementadas
durante o seu mandato. Ela também atribui a Temer a degradação do cenário
econômico brasileiro. "Embora a imprensa diga que a situação econômica
esteja melhorando, tanto a crise econômica quanto a crise política se
aprofundaram", afirmou.
Perguntada sobre Lula, ela afirmou que o
maior objetivo político no Brasil no momento é garantir que ele se candidate
nas eleições de 2018. “Assegurar que Lula seja candidato é fundamental”, disse
Dilma. Segundo ela, Lula atravessou um período no qual todos os meios de
comunicação estavam contra ele, mas, apesar de tudo que fizeram contra o
presidente Lula, “ele é o primeiro nas pesquisas”.
Dilma negou ter recebido propina da
construtora ou de outras empresas em suas campanhas. “Nunca pedi propinas,
nunca recebi propinas, e, de fato, nunca falei com todos aqueles que agora
estão sendo investigados ou presos por terem pago propinas”, afirmou ela, que
foi citada na delação premiada da Odebrecht.
Sobre a crise, Dilma também citou
fatores externos como "a queda mundial do preço das commodities e o fim do
afrouxamento monetário nos EUA", como alguns dos responsáveis pela crise
econômica no Brasil. Dilma também fez uma autocrítica sobre suas políticas no
governo.
"Achei que, diminuindo impostos do
setor privado, teria um aumento dos investimentos. Arrependo-me disso.
Fragilizei o lado fiscal e, em vez de investirem, eles aumentaram a margem de
lucros", refletiu a ex-presidente.
Após o festival, Dilma deve se encontrar
com parlamentares suíços e relatores de direitos humanos, além de participar de
uma reunião na sede da Organização Internacional do Trabalho e de uma palestra
no GraduateInstituteofGeneva, um
centro de estudos de Ralações Internacionais, para falar sobre o futuro da luta
contra o neoliberalismo.
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