A China faz o
evento do século: Brasil sumiu
Paulo Henrique Amorim
Chile
e Argentina entram na nova Rota da Seda. BRICS vira RICS
Uma
nova Rota da Seda: esse é o ambicioso projeto do Governo da China.
Na
prática, trata-se de uma complexa rede para estabelecer ligações entre a China
e boa parte do resto do mundo, por meio de trilionários investimentos em
transporte, infraestrutura e intercâmbio cultural.
A
Nova Rota da Seda engloba 68 países, os quais são responsáveis por mais de 30%
do Produto Interno Bruto (PIB) mundial.
Mais
de 4,4 bilhões de pessoas vivem nesses países.
Outros
números impressionam:
- nos
últimos três anos, por ocasião da Nova Rota da Seda, foram firmados contratos
de mais de R$ 948 bilhões por empresas chinesas;
- o
Governo criou um fundo de R$ 122 bilhões para os planos de concessão;
- a
expectativa é de que a China invista cerca de R$ 2,48 trilhões no projeto até
2022.
O
plano é grandioso do ponto de vista político e promete trazer, também, uma
série de benefícios diretos à população.
Por
exemplo: um dos objetivos de Xi Kinping é fortalecer a economia da região oeste
do País e fortalecer os mercados da Ásia Central.
Não
se pode deixar de destacar, claro, o impressionante avanço da China no aspecto
geopolítico - a China, aliás, já é a principal parceira comercial da Alemanha,
à frente dos Estados Unidos e da França!
Até
2050, espera-se que a Nova Rota da Seda seja responsável por incríveis 80% do
aumento do PIB global!
(E
que ela impulsione o avanço de três bilhões de pessoas à classe média!)
O
projeto se baseia em cinco áreas-chave:
1.
- Intercâmbio
cultural - incentivar e promover a cooperação e os laços entre pessoas de
diferentes regiões;
2.
- Melhorar a
coordenação da política monetária e a cooperação financeira bilateral;
3.
- Incentivar o
comércio e os investimentos, por meio da facilitação das transações entre
países e da criação de uma cadeia de cooperação;
4.
- Planejamento e
apoio a projetos de desenvolvimento de infraestrutura em escala global;
5.
- Investir em
tecnologias para permitir a conectividade entre toda a Rota da Seda.
É um
plano que tem o potencial de elevar os BRICs a um novo patamar.
Os
BRICs, não! Os RICs!
No
último domingo, 14/V, teve início uma conferência em Pequim com a presença de
28 chefes de Estado.
Entre
eles, estavam os presidentes da Rússia, Vladimir Putin; da Argentina, Maurício
Macri; e do Chile, Michelle Bachelet.
Mariano
Rajoy, primeiro-ministro espanhol, também marcou presença.
E o
Brasil?
Ninguém
sabe, ninguém viu.
O
Conversa Afiada solicita ao Itamaraty, desde o início da manhã desta
terça-feira, 16/V, mais informações sobre a participação do Brasil no evento.
Mas
não obteve retorno em nenhuma de suas três tentativas - nem por telefone, nem
por e-mail.
A
verdade é que o Brasil não faz parte dos planos.
Como
disse Pepe Escobar em 2016, o Brasil do Golpe é um projeto de
"Excepcionalistão", uma doutrina Monroe remixed.
Separar
o Brasil dos BRICS ao mesmo tempo em que Rússia e China estreitam os laços e
criam condições para que ambos deem um salto gigantesco!
Mas,
é exatamente o que se espera de um Governo que fala grosso com a Venezuela e
tira os sapatos - e o que mais for necessário - para falar com os EUA.
China,
Rússia, Argentina, Chile... Todos fazem parte de um dos maiores projetos da
atualidade.
E o
Brasil sumiu.
Em
tempo: quatro chefes de Estado recusaram o convite de XI: Trump, Merkel, o
premier do Japão - mas todos os outros da ASEAN foram -, e Índia, arqui-rival
da China (mas, o Paquistão, arqui-rival da Índia compareceu).
Em
tempo²: 12 horas depois, o Itamaraty respondeu, por meio de nota oficial, às
solicitações do Conversa Afiada:
Convidado
para o Fórum, o governo brasileiro se fez representar pelo secretário-especial
da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Secretaria-Geral da Presidência da
República, Hussein Kalout
Rússia
e China fortalecem relações. E o Brasil?
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