segunda-feira, 22 de maio de 2017

A CHINA FAZ O EVENTO DO SÉCULO: BRASIL SUMIU

Paulo Henrique Amorim


Chile e Argentina entram na nova Rota da Seda. BRICS vira RICS

Uma nova Rota da Seda: esse é o ambicioso projeto do Governo da China.

Na prática, trata-se de uma complexa rede para estabelecer ligações entre a China e boa parte do resto do mundo, por meio de trilionários investimentos em transporte, infraestrutura e intercâmbio cultural.

A Nova Rota da Seda engloba 68 países, os quais são responsáveis por mais de 30% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial.

Mais de 4,4 bilhões de pessoas vivem nesses países.

Outros números impressionam:

- nos últimos três anos, por ocasião da Nova Rota da Seda, foram firmados contratos de mais de R$ 948 bilhões por empresas chinesas;

- o Governo criou um fundo de R$ 122 bilhões para os planos de concessão;

- a expectativa é de que a China invista cerca de R$ 2,48 trilhões no projeto até 2022.

O plano é grandioso do ponto de vista político e promete trazer, também, uma série de benefícios diretos à população.

Por exemplo: um dos objetivos de Xi Kinping é fortalecer a economia da região oeste do País e fortalecer os mercados da Ásia Central.

Não se pode deixar de destacar, claro, o impressionante avanço da China no aspecto geopolítico - a China, aliás, já é a principal parceira comercial da Alemanha, à frente dos Estados Unidos e da França!

Até 2050, espera-se que a Nova Rota da Seda seja responsável por incríveis 80% do aumento do PIB global!

(E que ela impulsione o avanço de três bilhões de pessoas à classe média!)

O projeto se baseia em cinco áreas-chave:

1.      - Intercâmbio cultural - incentivar e promover a cooperação e os laços entre pessoas de diferentes regiões;

2.      - Melhorar a coordenação da política monetária e a cooperação financeira bilateral;

3.      - Incentivar o comércio e os investimentos, por meio da facilitação das transações entre países e da criação de uma cadeia de cooperação;

4.      - Planejamento e apoio a projetos de desenvolvimento de infraestrutura em escala global;

5.      - Investir em tecnologias para permitir a conectividade entre toda a Rota da Seda.

É um plano que tem o potencial de elevar os BRICs a um novo patamar.

Os BRICs, não! Os RICs!

No último domingo, 14/V, teve início uma conferência em Pequim com a presença de 28 chefes de Estado.

Entre eles, estavam os presidentes da Rússia, Vladimir Putin; da Argentina, Maurício Macri; e do Chile, Michelle Bachelet.

Mariano Rajoy, primeiro-ministro espanhol, também marcou presença.

E o Brasil?

Ninguém sabe, ninguém viu.

O Conversa Afiada solicita ao Itamaraty, desde o início da manhã desta terça-feira, 16/V, mais informações sobre a participação do Brasil no evento.

Mas não obteve retorno em nenhuma de suas três tentativas - nem por telefone, nem por e-mail.

A verdade é que o Brasil não faz parte dos planos.

Como disse Pepe Escobar em 2016, o Brasil do Golpe é um projeto de "Excepcionalistão", uma doutrina Monroe remixed.

Separar o Brasil dos BRICS ao mesmo tempo em que Rússia e China estreitam os laços e criam condições para que ambos deem um salto gigantesco!

Mas, é exatamente o que se espera de um Governo que fala grosso com a Venezuela e tira os sapatos - e o que mais for necessário - para falar com os EUA.

China, Rússia, Argentina, Chile... Todos fazem parte de um dos maiores projetos da atualidade.

E o Brasil sumiu.
Em tempo: quatro chefes de Estado recusaram o convite de XI: Trump, Merkel, o premier do Japão - mas todos os outros da ASEAN foram -, e Índia, arqui-rival da China (mas, o Paquistão, arqui-rival da Índia compareceu).

Em tempo²: 12 horas depois, o Itamaraty respondeu, por meio de nota oficial, às solicitações do Conversa Afiada:

Convidado para o Fórum, o governo brasileiro se fez representar pelo secretário-especial da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Secretaria-Geral da Presidência da República, Hussein Kalout

Rússia e China fortalecem relações. E o Brasil?


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