segunda-feira, 22 de maio de 2017

O GOLPE DO GOLPE DO GOLPE

O golpe do golpe do golpe

FERNANDO BRITO


Michel Temer tenta a anulação do inquérito contra ele no STF, sob o argumento de que não caberia a distribuição automática para Luís Edson Fachin, uma vez que o caso nada teria a ver com a Lava Jato.

Fachin reage mandando dizer que a conexão é com outras operações que estão sob sua relatoria.

Não disponho de informação jurídica para opinar, mas a decisão, na quarta-feira, será política e dificilmente terá outro resultado senão o de manter o inquérito tal como está, independente de razões jurídicas.

Mesmo um eventual pedido de vistas, para protelar o resultado, será um escândalo, tal o grau de convicção que se estabeleceu de que Temer perdeu o mínimo de governabilidade.

Coloca o Supremo diretamente na linha de fogo contra Temer e em oposição ao órgão supremo de julgamento no Brasil, o TM – Tribunal dos Marinho.

Se o fizer, a crise sobe um degrau mais – e cada degrau que se sobe é o risco de um fechamento político.
Numa coisa, porém, este caso guarda conexão – extra-jurídica – com a Lava Jato.

Tal como Aécio Neves queria que se escolhessem delegados amigos na investigações, na conversa grampeada, também a escolha dos juízes é dirigida de acordo com a dureza ou maciez com que se quer que o caso seja tratado.

Até recursos e habeas corpus passam a ser direcionados assim.

Passamos a considerar natural que o juiz tenha posição prévia sobre as acusações.

O outro lado da abominável judicialização da política é a abominável politização da Justiça.

São monstruosidades gêmeas.


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