No último dia 10 de agosto (quinta
feira), a União Nacional dos Estudantes (UNE) completou 80 anos e foi
homenageada no Congresso Nacional por sua história que se confunde com a do próprio
Brasil. O destaque ficou por conta da continuidade da luta pela democracia no
país, diante do atual cenário de ilegitimidade política.
A sessão enalteceu o caráter
histórico e político da UNE que desde 1937, quando foi criada, vem mostrando
resistência e vitalidade na luta pela democracia e pelos direitos dos
estudantes, principalmente em momentos antidemocráticos, como durante a
ditadura militar e o golpe de Michel Temer em 2016.
Durante o seu discurso, a
presidenta da UNE, Marianna Dias, destacou que a entidade nasceu da necessidade
dos estudantes de terem uma entidade nacional que não falasse somente de
educação, mas que se preocupasse também com o Brasil e com o mundo. Foi assim,
que ela se configurou como uma instituição de 7 milhões de universitários.
Por meio da luta constante, a
entidade já reúne conquistas e avanços para os jovens brasileiros, como a
criação do ProUni, que garante bolsas em universidades particulares para
estudantes de baixa renda, e o Reuni, programa de expansão das vagas em
universidades públicas. Além das políticas do Fies e de cotas nas
universidades.
“Somos a UNE da luta contra o
nazifascismo, do Petróleo é Nosso, do CPC [Centro Popular de Cultura] e a UNE
que combateu a ditadura militar e sangrou para que a democracia revivesse.
Somos a UNE da democratização do Brasil, do Fora Collor, dos 10% do PIB para a
educação e do Pré-Sal. Somos uma UNE de muitas vitórias”, disse Marianna Dias.
Já a vice-presidenta da
entidade estudantil, Jessy Dayane, disse que em um momento de golpe no país é
preciso mobilizar os estudantes e garantir a diversidade nas universidades, com
a participação de pobres, negros, indígenas, quilombolas e LGBTs.
Governo ilegítimo
Diante do grave cenário
político nacional, a sessão ganhou caráter de ato político pelo Fora Temer, em
defesa dos direitos e pelas Diretas Já.
A entidade já vinha se
manifestando duramente contra o governo federal, contra as reformas,
trabalhista e da previdência, defendendo a saída de Michel Temer om a
convocação de novas eleições para reconstrução democracia nacional.
“Temos hoje a coragem de
dizer que também somos a UNE do Fora
Temer, que também somos a UNE que defende a soberania do nosso país e que
clama por democracia e que resistirá, sobretudo, para que a universidade
pública continue sendo um patrimônio inegociável para o povo brasileiro e digo:
não permitiremos que nenhum ataque seja feito sobre ela, nem cobrança de
mensalidade, nem sucateamento ou projeto que visa à privatização porque um país
que não respeita a sua universidade pública é um país que impede a juventude e
o povo de sonhar e ter oportunidades. A universidade brasileira é o patrimônio
do povo”, concluiu Marianna Dias.
Participações
Participaram da homenagem
importantes atores na luta estudantil, como parlamentares de diversos partidos,
representantes da sociedade civil e dos movimentos sociais.
O deputado Orlando Silva
(PCdoB-SP), discursou durante o evento e frisou que a UNE é uma das mais
tradicionais e importantes instituições que teve participação decisiva na vida
nacional. O deputado também citou o verso do hino da UNE, escrito por Vinicius
de Moraes e Carlos Lira que diz que a entidade reúne futuro e tradição.
“A universidade vive momentos
duros e de risco à sua autonomia com o estrangulamento das instituições, e tudo
isso pode ser posto em cheque pela conjuntura do país. O ataque às
universidades voltou agora com a possível perda da gratuidade, logo agora que
estavam a se pintando de povo, de negros. Por isso, é tão importante ressaltar
a UNE, para que ela possa cumprir com sua missão histórica: de defender a
democracia que sofreu um ataque e sustentar a universidade brasileira,
colaborando para o desenvolvimento nacional”, disse Orlando Silva, que foi
presidente da entidade em 1995.
A senadora Vanessa Grazziotin
(PCdoB-AM) destacou o papel das mulheres na UNE que hoje, com presidenta e
vice-presidente, se mostram combativas e corajosas para ajudar a nação na
recuperação da democracia que foi atingida por um golpe.
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