A presidente legítima Dilma
Rousseff, deposta pelo golpe de 2016, vê o risco de que um ciclo de 140 anos de
paz na América Latina chegue ao fim.
“Eu acredito que a visão que
se divulga no Ocidente a respeito da Venezuela é irresponsável. Acho um absurdo
o tratamento da imprensa internacional à Venezuela. Vão criar, aqui na América
Latina, depois de 140 anos de paz, um grande conflito armado, assim como
fizeram no Iraque e no Afeganistão”, disse ela, em sua entrevista à BBC.
Dias atrás, o presidente dos
Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou intervir militarmente para derrubar o
governo de Nicolás Maduro.
A Venezuela, que tem as
maiores reservas de petróleo do mundo, tenta resistir.
No Brasil, que tem o pré-sal,
golpe parlamentar subordinou o País aos interesses norte-americanos.
Leia, abaixo, reportagem do Opera Mundi:
Visão do Ocidente sobre
Venezuela é 'irresponsável', diz Dilma Rousseff
A ex-presidente do Brasil
Dilma Rousseff afirmou, nesta sexta-feira (11/08), em entrevista à emissora
britânica BBC, que considera “irresponsável” a visão do Ocidente sobre a
Venezuela e apontou como “absurdo” o tratamento da imprensa internacional ao
país.
“Eu acredito que a visão que
se divulga no Ocidente a respeito da Venezuela é irresponsável. Acho um absurdo
o tratamento da imprensa internacional à Venezuela. Vão criar, aqui na América
Latina, depois de 140 anos de paz, um grande conflito armado, assim como
fizeram no Iraque e no Afeganistão”, disse.
Dilma foi questionada sobre
se acreditava que Maduro era responsável pela situação na Venezuela. Não vou
culpar apenas o Maduro. Existe um conflito. É que nem o que fizeram com o
Saddam Hussein. O criminoso era o Saddam Hussein. Mataram-no da forma mais
bestial possível. Quando fizeram isso, destamparam a caixa de pandora e saíram
todos os monstros possíveis”, afirmou.
A ex-presidente brasileira
defendeu a negociação para o conflito da Venezuela. “Eu não acho que a questão
é ficar falando mal do Maduro. Na Venezuela estão lidando com forças sociais
reais. Se querem guerra civil, terão. Com ou sem Maduro. Há um conflito lá. Não
posso ser irresponsável e ser a favor de que o conflito seja resolvido
intensificando a contradição. Ou tenta-se construir uma solução pacífica ou vai
ter guerra civil. Os dois lados estão armados.”
A Venezuela atravessa um
período de aguda crise política, que culminou com a eleição da Assembleia
Constituinte, convocada por Maduro sob protestos da oposição e de parte da
comunidade internacional. Após a
realização da votação, os EUA impuseram sanções a funcionários do governo
venezuelano, incluindo o presidente.
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