quarta-feira, 16 de agosto de 2017

VERDADES INCÔMODAS SOBRE A VENEZUELA

VERDADES INCÔMODAS SOBRE A VENEZUELA

Reflexões em defesa da Revolução Bolivariana

“A mídia começou a existir para dizer a verdade e hoje existe para impedir que a verdade seja conhecida”. (G. K. Chesterton, 1917)

Atilio Borón

Nos últimos dias, tenho sido alvo de um ataque sem precedentes da oligarquia midiática argentina, devido às minhas opiniões sobre o que está acontecendo na Venezuela. Coincidentemente, os petardos lançados das cidadelas da comunicação pari passu com a decisão do agrupamento político Cambiemos de transformar o assunto em um dos eixos de sua campanha. Jornalistas e acadêmicos irmanaram-se uníssonos não apenas para combater as minhas ideias, mas também para lançar toda sorte de ofensas contra minha pessoa. Carece de sentido referir-me a cada um desses autores, por duas razões: primeiro, por que, no fundo, o seu discurso é o mesmo, variantes de um roteiro ditado em Washington, reciclado por seus acólitos neocoloniais e expelidos por eles através da “mídia independente” (independente de quem?), para hostilizar os que pensam diferente; segundo, porque individualiza-los seria conferir aos autores desses libelos uma dignidade totalmente dissonante com a sua estatura intelectual e moral.

Assentado este preâmbulo, segue abaixo a minha resposta:

Desde logo, cabe ressaltar que a oposição venezuelana é composta por dois setores: o que aceita o diálogo com o governo e o que rejeita qualquer entendimento com o mesmo, sempre dispostos a quebrar a ordem constitucional e derrubar o presidente Nicolás Maduro, apelando para qualquer recurso, legal ou ilegal. Infelizmente, esta fração beligerante tem sido a que, na semana passada, assumiu o comando hegemônico da oposição, ameaçando o setor negociador com uma brutal represália, caso acedesse aos apelos do governo. Entende essa gente que negociar com o governo seria uma infame traição à pátria, merecedora dos piores castigos. Este grupo extremista e fascista até a medula vinha conspirando contra a democracia desde a fracassada tentativa de golpe de Estado de 11 de abril de 2002. Os seus principais dirigentes (Leopoldo López, Henrique Capriles, Antonio Ledezma, Freddy Guevara, Julio Borges y María Corina Machado) apoiaram aquela intentona golpista. Corina Machado, uma das “democratas” de hoje, foi signatária da Ata de Posse da junta governamental presidida pelo empresário Pedro Estanga Carmona. Nessa Ata, cancelaram-se as liberdades públicas, aboliram-se todas as leis sancionadas pelo governo do presidente Hugo Chávez, e decretou-se a destituição sumária de todos os ocupantes de cargos públicos, democraticamente eleitos, nos poderes Executivo e Legislativo, no país.

Esses fascistas foram o que, liderados por Leopoldo López, organizaram a sedição de fevereiro de 2014, significativamente chamada de “Operação Saída”, tão logo consumada a derrotada do candidato Henrique Capriles nas eleições presidenciais convocadas após a morte de Hugo Chávez.  A “Operação Saída” assumiu táticas violentas de controle de ruas, seguindo o roteiro de manuais da CIA e a obra de um dos máximos teóricos da conspiração, Eugene Sharp. Essas táticas contemplam a realização de atentados de todo tipo a instalações públicas, ônibus, construção de barricadas armadas (guarimbas), impedindo que as pessoas saiam de suas casas e provocando matança indiscriminada de pessoas, para aterrorizar a população. Leopoldo López dizia, constantemente, que essa insurreição só acabaria com a renúncia de Maduro. Finalmente, restabeleceu-se a ordem pública, mas com um lamentável saldo de 43 mortos. Leopoldo López foi preso e levado à justiça, onde, como veremos a seguir, recebeu uma moderada condenação, desproporcional em relação aos crimes cometidos. Esse mesmo grupo é o que, em abril deste ano, relançou a segunda fase da estratégia insurrecional, aumentando exponencialmente a violência de seus atos e introduzindo macabras inovações em suas táticas de “oposição democrática”, jogando bombas incendiárias em jardins infantis, hospitais e, como nos velhos tempos da Santa Inquisição, queimando vivas pessoas, cujo pecado fosse a calor da pele incorreta, segundo o critério dos terroristas. Quando descrevi esta deplorável expressão “esmagar a oposição” era óbvio para qualquer leitor atento de meus artigos que estava me referindo a esse setor e não àqueles que desejam uma saída pacífica, como felizmente parece estar em andamento, nos últimos dias. Qualquer interpretação contrária seria apenas produto de má-fé. Mas foi essa leitura que deu origem à primeira vaga de críticas e insultos pessoais.

Outro aspecto a ser levado em conta é a monumental hipocrisia de meus censores em seu silêncio sepulcral na hora de propor alguma alternativa para deter a violência na Venezuela. A maioria desses críticos não conhece esse país, sequer jamais o visitaram. Ignoram a sua história, não têm parentes vivendo lá, e se dão ao luxo de ofender os que pensam de outra maneira. A minha preocupação obsessiva quanto à deterioração de uma situação, que poderia derivar numa orgia de mortes e destruição, se deve ao entendimento que compartilho da necessidade de se evitar para a Venezuela – e para os amigos que tenho nos dois lados em conflito, no chavismo e na oposição – um final apocalíptico. Mas é preciso deixar claro que não é esse o caso de meus censores, como obedientes publicitários da direita que são, crioula e do império, a quem se ordenou para que descarregassem toda a sua artilharia contra os que tiveram a ousadia de defender a ordem institucional na Venezuela. Mil vezes fiz a pergunta: que fazer para deter a violência iniciada, novamente, pela direita golpista, que o Estado não soube enfrentar com firmeza e decisão? As respostas quase sempre foram evasivas, mas quando se exigia, sob o látego de pressões respostas mais claras e precisas, vociferavam pela renúncia do presidente Nicolás Maduro e a convocatória de eleições presidenciais extemporâneas. Como visto, esses severos críticos de minhas opiniões, autoproclamados defensores da liberdade, dos direitos humanos e da democracia, de transparente inconsistência, não passam de vergonhosos apologistas da fração terrorista da oposição venezuelana. O que esses furiosos escribas é nada menos que o triunfo da sedição, a vitória dos golpistas, o retorno dos fascistas, e a destruição do Estado de direito. Querem exatamente o mesmo que a quadrilha de Leopoldo López e seus sequazes. Por tudo isso, são cúmplices, quando não autores intelectuais ou legisladores post bellum, da barbárie desatada pela direita. Em seu desespero por acabar com o chavismo apelam para uma retórica democrática apenas em sua aparência. O que existe por trás de seu palavreado vazio é uma afronta aos valores humanísticos que dizem defender. Ele têm que arcar com o ônus da apologia que fazem da violência, porque, no plano agreste da política latino-americana, com tantas “democracias” que empobrecem, marginalizam e lançam à desesperança milhões de pessoas, não seria de estranhar o surgimento de grupos periféricos que façam coro à violência para derrubar governos que semeiam a fome e embrutecem povos, face à ostensiva falta de projeto democrático em suas algibeiras. Se os sedentes “baluartes da democracia” aprovaram esses métodos, na Venezuela, porque não apoiar também possíveis ensaios de sublevação em outros países? Que diriam, então? Saquear, incendiar, matar e queimar vivas as pessoas é correto, na Venezuela, mas não é certo na Colômbia, Argentina ou no México. Não seria por demais incoerente exaltar a via insurrecional em contextos laboriosamente democráticos, construídos com tantas dificuldades?

Uma terceira questão a analisar diz respeito ao que dissemos anteriormente que esta ofensiva acontece em momentos em que o governo da Argentina fez da Venezuela um dos eixos de sua campanha eleitoral. O último sábado (5) foi a ponta de lança para suspender a Venezuela do MERCOSUL, violando as normas desse bloco e a Carta Democrática estabelecida no Protocolo de Ushuaia. Os ataques intensificados neste período têm muito a ver com isso, mas, não são fatos isolados. Os escribas e palestrantes da mídia hegemônica, obedientemente, arremetem com fúria contra qualquer pessoa que defenda o governo legal, legítimo e constitucional do presidente Nicolás Maduro. A voz do amo imperial exige que eles digam que o governo venezuelano é uma feroz ditadura, uma maçã podre na caixa onde brilham as exemplares democracias da Argentina, do Brasil do golpista Michel Temer, do Paraguai das dignas herdeiras da democracia ateniense e seus grandes líderes como Pericles, Solón e Clístenes, que empalidecem quando comparados com seus atuais sucessores sul-americanos. Cruel ditadura a de Maduro onde, tal como acontecia à época de Videla, Pinochet e Strossner, seus opositores podem ir aos Estados Unidos, para solicitar a intervenção armada desse país na Venezuela. Foi isso que fez o presidente da Assembleia Nacional Julio Borges em sua visita ao chefe do Comando Sul, almirante Kurt Tidd, retornando, em seguida, ao seu país sem que tenha sido sequer admoestado pelas autoridades venezuelanas, mantendo intacta a sua imunidade parlamentar. Tão logo retornou, convocou coletivas de imprensa e deu seguidas entrevistas à mídia nacional e internacional, dando prosseguimento às suas atividades proselitistas e golpistas sem quaisquer restrições. Certamente, o mesmo acontecia com os opositores nos regimes ditatoriais de Videla, Pinochet e Strossner. Este é um exemplo entre muitos outros de como atua essa gente. Vejamos mais um: a maioria dos meios de comunicação, na Venezuela, faz oposição ao governo de Nicolás Maduro, e as grandes agências de notícias internacionais representadas no país divulgam para o resto do mundo notícias distorcidas, intencionalmente desinformando sobre o que acontece na Venezuela. Tudo isso acontece sem qualquer tipo de restrição à liberdade de imprensa. O que acontece é que a pós-verdade e a pós-mentira se convertem em moedas correntes na mídia hegemônica.

Convém reproduzir aqui o que escreveu recentemente o professor Boaventura de Sousa Santos, da Universidade de Wisconsin, e um dos mais ilustres sociólogos e juristas contemporâneos. Após aderir a um manifesto de intelectuais críticos do governo de Nicolás Maduro, o professor Boaventura de Sousa Santos sentiu-se no dever de escrever um artigo , porque, segundo as suas palavras, “estou alarmado com a parcialidade da comunicação social europeia, incluindo a portuguesa, sobre a crise na Venezuela. A mídia recorre a todos os meios para distorcer e demonizar um governo legitimamente eleito, atiçando o incêndio social e político e legitimando uma intervenção estrangeira de consequências incalculáveis”. Nesse mesmo artigo, Boaventura de Sousa, cuja autoridade científica e moral converte os meus detratores em caricatos pigmeus, termina dizendo que “O governo da República Bolivariana é democraticamente legítimo. Durante os últimos vinte anos, jamais deu mostras de desrespeito aos resultados eleitorais em muitas eleições realizadas no país neste espaço de tempo. Perdeu algumas eleições e poderá perder a próxima, e só mereceria ser criticado se não respeitasse os resultados. O fato é que não se pode negar que o presidente Maduro tem legitimidade constitucional para convocar a Assembleia Constituinte. Suficiente em relação a este tema.

Outro ponto que merece algumas considerações diz respeito ao fato de que, sempre em função da dupla “pós-verdade-pós-mentira”, nenhum dos órgãos da oligarquia midiática que desinforma, diariamente, os povos da América Latina – incluindo o jornal El País, da Espanha, na linha de frente dessa desafinada orquestra midiática – publicou uma notícia que nenhum meio de comunicação “sério e independente”, como gostam de ser chamados no bombardeio propagandístico cotidiano que nos brindam com suas falsidades, poderia deixar passar em branco.

Na coletiva de imprensa de 1º de agosto, o Secretário de Estado de Donald Trump, Rex Tillerson, declarou oficialmente que “estamos avaliando todas as opções de política  sobre o que poderíamos fazer para criar uma mudança de condições onde Maduro decida que já não tem futuro e quer se mandar por vontade própria ou nós poderíamos fazer com que os processos governamentais, na Venezuela, voltem ao que reza a sua Constituição”.

Ou seja, o império, pela boca de seu encarregado de relações exteriores, anuncia que está implicado na construção de um golpe de Estado na Venezuela. O que não é de estranhar é que uma gravíssima notícia como esta seja escandalosamente silenciada pela grande mídia, esses meios que empregam rios de tinta e horas e mais horas de rádio e televisão para acusar e difamar a torto e à direita aos que denunciam as manobras do imperialismo e seus lugar-tenentes locais, para denigrir regimes democráticos, como fizeram – apenas citar os casos mais relevantes – na Guatemala (1954), no Brasil (1964), na República Dominicana (1965), no Chile (1973), em Honduras (2009), no Paraguai (2012), e ainda há pouco, no Brasil. Poucos dias antes, o diretor da CIA, Mike Pompeo, declarara em sua intervenção no Foro de Segurança, organizado pelo Aspen Institute, que “bastaria ressaltar que estamos muito esperançosos com a possibilidade de uma transição na Venezuela, e nós (a CIA) estamos dando o melhor de nossa parte, para que se entenda a dinâmica nesse país e possamos comunicar as nossas conclusões ao Departamento de Estado norte-americano e a outros, em particular, aos colombianos. Acabo de estar na Cidade do México e em Bogotá, na semana passada, falando exatamente sobre este tema, com o propósito de ajudar no entendimento das coisas que poderiam ser feitas, para obtermos um melhor resultado para esse canto do mundo e para o nosso pedaço do mundo.”

Ao inferno com a soberania nacional, a autodeterminação dos povos e a democracia! Se o imperador não gosta do governo que existe em algumas províncias do império, o destitui sumariamente. E a imprensa de todo o hemisfério, mais a espanhola, conveniente cúmplice e colonizada, pacificamente aceita a burla e se esmera em blindar a funesta notícia com a colaboração dos habituais saltimbancos da mídia, que dizem o que lhes mandam dizer, pouco importando o que disseram antes. Cuidam para que o povo não saiba dos planos insurrecionais da Casa Branca, que produzem um dano irreparável à credibilidade da democracia, porque esta só será respeitada se os seus resultados forem do agrado do imperador. Caso contrário, os erros são corrigidos com uma ajudinha dos boys da CIA e da embaixada. O ideal é que a população continue pensando que o império tem a sua sede em Orlando e os seus personagens mais significativos são o Pato Donald e Mickey Mouse. A CIA é uma lenda caduca inventada pelos soviéticos e as outros quinze órgãos de inteligência dos Estados são meros produtos de uma alucinação coletiva que afetou, irreparavelmente, os cérebros de Noam Chomsky, Howard Zinn, Tom Engelhardt, Michael Parenti, James Petras, Jim Cockcroft, Philip Agee  y John Perkins. Nada de ficar lembrando a esse povo que o maior ato terrorista da história foram as duas bombas atômicas que os Estados Unidos lançaram sobre duas cidades indefesas, destruindo Hiroshima e Nagasaki, quando o Japão já estava vencido, na Segunda Guerra Mundial. Tampouco deve-se deixar de mencionar que Washington exportou, “com grande êxito”, a democracia para o Iraque, a Líbia e a Ucrânia. Agora está tratando de fazer o mesmo em relação à Síria e à Venezuela. Em síntese, os Estados Unidos são o que Hollywood diz que é, e que Julian Assange é o noivo preterido da filha de Donald Trump. Por isso, inunda o mundo com suas mentiras propaladas pelo Wikileaks. Cumpre-se o prognosticado, há um século, por Gilbert K. Chesterton, cuja citação colocamos como epígrafe deste artigo: A mídia começou a existir para dizer a verdade e hoje existe para impedir que a verdade seja conhecida.

Finalmente, considere-se que a torrente de mentiras, falsidades e ocultação de meus detratores me obrigaria a escrever um livro para desnudar toda e cada uma de suas canalhices. Mas eles não merecem isso. Prefiro continuar com as minhas análises e não perder o meu precioso tempo discutindo, uma a uma, suas acusações e respondendo os seus insultos. Mas farei uma exceção em relação a uma de suas mais recorrentes mentiras, ao qualificarem o líder fascista e golpista Leopoldo López como um “preso político”. No seu afã incontido de atrair a disposição favorável do império e a direita vernácula, os ventríloquos da oligarquia midiática insistem no tema, mais ainda, endeusam esse indivíduo e a outros de sua laia, como se fossem heroicos combatentes da liberdade. Soa bem a música? Claro! Washington utilizou este expediente várias vezes no passado. Assim é que consideravam combatentes da liberdade os “exilados” iraquianos que atestaram que o governo de seu país estava fabricando armas de destruição em massa, sabendo, de antemão, que tudo isso não passava de deslavada mentira. Mas as suas testemunhas foram decisivas para que o Congresso dos Estados Unidos aprovasse a declaração de guerra contra o Iraque, com o apoio do espanhol José Maria Aznar e do britânico Tony Blair, sinistros cúmplices do engodo que todo o mundo sabia na sua inteireza. Antes, haviam utilizado a mesma virtuosa categoria para exaltar a imagem dos “contras” nicaraguenses, convertendo brutais mercenários em heroicos lutadores pela democracia e os direitos humanos. Voltaram a fazer o mesmo com a “oposição democrática” a Gadaffi, supostamente bombardeada por tropas militares do governo líbio na cidade de Bengasi. Pouco tempo depois, foi comprovada a falsidade desse bombardeio. Imagens produzidas por satélites revelaram a falácia montada. Mas a mentira surtiu efeito e as vítimas desse suposto ataque rapidamente se converteram em valorosos combatentes da liberdade. São invencionices como essas que estão sendo fabricadas na Venezuela, quando se caracteriza um indivíduo do naipe de Leopoldo López de “preso político”. Na verdade, trata-se de um político preso, mas por ter sido comprovada o seu envolvimento na cabeça de um movimento sedicioso. Nos Estados Unidos, por exemplo, isto configura um crime federal e o culpado pode ser penalizado com prisão perpétua e até com a pena capital, se os incidentes promovidos pelos sediciosos visam alterar a ordem institucional ou destituir as autoridades constituídas, se houve vítimas fatais. A legislação penal, na Espanha, contempla penas idênticas aos infratores. Basta recordar o caso do tenente coronel Antonio Tejero, condenado à prisão perpétua por tentativa de golpe de Estado, em 1981, invadindo e ocupando o plenário do Congresso, com a detenção de deputados, mas sem provocar qualquer destroço dentro e fora do recinto. Diferente foi a sanção imposta pela Justiça da Venezuela a Leopoldo López, bastante generosa, a despeito dos destroços produzidos e das mortes ocasionadas. A Justiça condenou esse indivíduo a apenas 13 anos, 9 meses, 7 dias e 12 horas de prisão! Mais recentemente, com o ânimo de mitigar a crispação política às vésperas da Assembleia Nacional Constituinte, a Justiça venezuelano concedeu-lhe o benefício de prisão domiciliar. Tal como é habitual nesses casos, a concessão estava regida por estritas regras, uma das quais é a de que o apenado deve abster-se de fazer proselitismo político, norma que o líder golpista violou, repetidamente, sem, por isso, devolvido à prisão. O mesmo procedimento é adotado nos Estados Unidos. Quando um réu sai da prisão sob juramento de cumprir as regras impostas e as viola, perde a sua condição de liberdade condicional. Nada de novo nisso. O governo da Argentina e outros do mesmo signo, insistem na libertação do “preso político” Leopoldo López, enquanto mantém como prisioneira política, sem acusação formal e sem processo, e ao arrepio dos protestos das Nações Unidades e da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, a ativista social Milagro Salta, encarcerada na prisão de Alto Comedero, em Jujuy. Não obstante, bastou que eu dissesse que o retorno de Leopoldo López à prisão ajustava-se aos preceitos legais e era o que legalmente corresponderia ser feito, para que um tropel de críticos se lançasse em fúria contra minha pessoa, inclusive fazendo uso de notas injuriosas e agravantes extraídas de mensagens publicadas nas redes sociais da Internet. Jamais vi algo semelhante, que expressa o grau de putrefação a que chegaram as oligarquias midiáticas na Argentina e na Nossa América.


Dixit, et salvavi animam meam

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