Movimento Derruba Temer é amplo, geral
e irrestrito
ALEX SOLNIK
Sem charme, sem carisma, nenhum apoio
popular, sem IBOPE na Globo nem na Veja, sem unanimidade nos partidos da base,
propostas estapafúrdias, nenhuma ideia de como sair da crise, convenhamos: está
fácil derrubar Temer. Quem vai sentir sua falta? Quem vai chorar por ele? Quem
vai sair em passeata por ele? Quem vai salvá-lo? Geddel? Jucá? Padilha? Atire a
primeira pedra quem nunca pecou ali.
Todos aqueles movimentos de direita
queriam derrubar a Dilma, queriam acabar com o PT. Só isso. E conseguiram.
Ninguém ali era a favor de Temer exatamente. E continua não sendo.
Há vários sinais de que a queda pode
estar próxima e o Brasil reviver os anos que se seguiram ao suicídio de Getúlio
Vargas quando, entre a sua morte, em 24 de agosto de 1954, e a posse de
Juscelino Kubitcheck, a 31 de janeiro de 1956, o país amargou dois anos de
instabilidade política, tendo sido governado por três presidentes: Café Filho,
Carlos Luz e Nereu Ramos. Nenhum país funciona direito com três governos
diferentes em dois anos.
Um dos sinais da queda é a prisão de
Eduardo Cunha que, a essa altura, mesmo que o fato não tenha sido noticiado já
pode estar entabulando a sua delação premiada que só terá valor para a
República de Curitiba se atingir pessoas acima dele na hierarquia do poder.
É pule de dez em Brasília que Cunha tem
o que falar de Temer. E não teria o menor problema, muito ao contrário, em
falar de seu ex-parceiro. A turma de Curitiba também parece não ter a menor
estima por Temer ou por seu governo.
Outro sinal é a delação de Duda
Mendonça, noticiada hoje, na qual confessou ter recebido da Odebrecht no
exterior, via caixa 2, vários milhões de dólares ganhos na campanha de Skaf ao
governo de São Paulo, em 2014.
A leitura mais apressada pode sugerir
que Skaf está em maus lençóis, mas o próprio Duda afirmou à Procuradoria Geral
da República que a negociação foi efetuada pela direção do PMDB e todo mundo
sabe que o tesoureiro do partido e o presidente do partido são a mesma pessoa
no PMDB e essa mesma pessoa, desde a morte de Orestes Quércia, é Michel Temer.
É óbvio, no entanto, que seria impossível Skaf não ser informado de que seu
marqueteiro foi pago dessa forma.
Outro sinal é a delação-bomba prestes a
explodir, a de Marcelo Odebrecht, na qual cita Temer como receptor de dinheiro
oriundo de rapina estimado em 10 milhões de reais e que parece completar a
delação de Duda Mendonça.
Mais um sinal é o artigo de hoje na
Folha de S. Paulo assinado por Xico Graziano, onde, como quem não quer nada,
defende o nome de Fernando Henrique Cardozo para a eleição indireta no
Congresso Nacional no caso de o Tribunal Superior Eleitoral cassar a chapa
Dilma-Temer no ano que vem. O que fica cada vez mais factível em virtude dessas
notícias todas liberadas pela força tarefa de Sergio Moro a respeito do atual
inquilino do Planalto. Embora garanta que fala em nome próprio e não faz parte
de nenhum grupo, a menos que tenha acontecido algum fato novo, Graziano sempre
foi tido no PSDB como homem do José Serra, atual chanceler de Temer. É um dos
poucos que o entende e o aguenta. Seu texto reforça a impressão de que a ponte
para o futuro de Temer pode ser mais curta do que ele imaginava.
O
Movimento Derruba Temer é cada vez mais amplo, geral e irrestrito.
www.brasil247.com.br 02/11/2016
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